Um homem de 26 anos, filho de um policial civil, figura na lista dos principais suspeitos pelo assassinato de Kelly Sales Silva, 22 anos, jovem que teria tido envolvimento com o tráfico e ficou conhecida como Kelly Cyclone por ajudar a organizar festas regadas a cocaína e namoros com chefes de quadrilhas, em Salvador (BA). A informação foi confirmada nesta quinta-feira pela 23ª Delegacia de Polícia de Lauro de Freitas (BA), responsável pelo caso. Durante a tarde, três pessoas que estavam nas imediações da cena do crime foram ouvidas, mas o conteúdo dos depoimentos não foi revelado.
Kelly foi morta a tiros na madrugada do dia 18, quando estava dentro do carro do ex-companheiro, filho de policial, nas proximidades da praça central de Lauro de Freitas. Em interrogatório realizado na semana passada, o suspeito negou qualquer participação no assassinato e garantiu que os disparos partiram de tripulantes de um automóvel Focus que teriam interceptado o carro dele, e fugido em alta velocidade após o crime.
"Como por enquanto só temos a certeza da presença dele na cena do crime, é possível considerá-lo um suspeito", afirmou o chefe de investigação da 23ª DP, Ubirajara Braga. As apurações indicam um homicídio com motivação passional. No dia da morte, membros da família de Kelly declararam que a jovem havia sido ameaçada pelo filho de policial, pois ela teria recusado um pedido de namoro.
"Outra possibilidade é que algum ex-namorado dela tenha ficado ciúmes e ordenado uma execução", ressaltou Braga. Na relação de suspeitos pelo crime, ainda consta o apenado Toni Rogério, o "Tonny", que teve um relacionamento com Kelly e está preso na 23ª Delegacia, mas ainda chefiaria pontos de venda de entorpecentes. Ele já foi ouvido e também negou envolvimento.
"Não descartamos também a possibilidade de alguém ter ordenado a morte dela para evitar vazamentos de informações de traficantes", lembrou Braga. Até agora ninguém foi preso. Na semana passada um adolescente foi apreendido por tráfico chegou a ter seu nome associado ao crime, mas a hipótese já foi rechaçada.
No interrogatório, o filho de policial civil foi acompanhado pelo pai e um advogado. Ele assegurou nunca ter visto os atiradores que mataram Kelly Cyclone. A 23ª DP já apresentou fotos de possíveis suspeitos, mas ele não reconheceu ninguém. A investigação nega a existência de envolvimento dele com o tráfico. "Temos informações de que ele seria apenas usuário", disse Braga.
Familiares de Kelly ainda negam que a jovem tenha ligações com tráfico ou quadrilhas de assaltantes. A notoriedade dela ganhou força em fevereiro de 2010, durante um evento que ficou conhecido como a "festa do pó na Boca do Rio". Na época, ela foi apontada pela polícia como um dos seis traficantes detidos no local. A jovem trazia no corpo tatuagens que chamavam a atenção, como um dragão que cobria a perna, a inscrição "Vida Loka" e o nome de um ex-namorado.
Dançarina de pagode, ela chegou a declarar que pensava em disputar uma vaga na Câmara Municipal de Vereadores de Salvador em 2012.