Um grupo de cerca de 600 bombeiros estão reunidos na noite desta terça-feira (30) em frente à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) como parte de mais uma manifestação para reivindicar aumento do salário base da categoria e anistia criminal –que ainda não foi concedida definitivamente pelo Congresso Nacional– para os envolvidos na invasão do quartel central dos bombeiros no início de junho deste ano.
Segundo o cabo Benevenuto Daciolo, um dos líderes do movimento, o governo não quer sentar para conversar. “Desde o episódio do quartel não somos recebidos pelo governador e nossas demandas ainda não foram atendidas”, afirmou.
Os bombeiros pretendem passar a noite acampados na Alerj. Amanhã, às 10h, eles devem ser recebidos por alguns parlamentares do governo e da oposição na Casa. Um dos líderes governistas na Assembleia, deputado Edson Albertassi (PMDB), e a deputada oposicionista Janira Rocha (PSOL) tentam costurar um acordo para dar fim a um plano de aumento em 48 parcelas.
Pelo plano proposto pelo governo estadual, foi concedido umaumento de 5,58%em 48 meses. “Nós batizamos esse plano de Casas Bahia, ele só termina em 2014. Esperamos que pelo menos este reajuste, que ainda não chega ao teto que queremos, seja dado sem conta-gotas”, disse um dos bombeiros manifestantes.
Os bombeiros do Rio recebem hoje por volta de R$ 1.000 mensais. Eles querem um teto mínimo de R$ 2.000 e o fim das gratificações. “O governo nos paga por volta de R$ 350 de gratificação, mas não queremos gratificações, queremos salário. Gratificação não se estende a inativos e afastados, por exemplo. Nem vale-transportes nos era oferecido até pouco tempo, e mesmo agora é num valor insuficiente” disse Daciolo.
A assessoria do governo não foi encontrada para comentar o assunto, mas, em ocasiões anteriores, informou que foi feito o possível para atender às reivindicações da categoria.
Invasão de quartel
No dia 3 de junho cerca de 2.000 bombeiros, muitos deles acompanhados por suas famílias, iniciaram uma manifestação em frente à Alerj reivindicando melhores salários e condições de trabalho. No início da noite do mesmo dia, eles ocuparam o quartel central da corporação e passaram a madrugada no local.
No início da manhã do dia 4, a Polícia Militar invadiu o quartel e muitos acabaram feridos. Aproximadamente 400 bombeiros acabaram presos, sendo liberados apenas no dia 10 de junho.
Na ocasião, o governador Sérgio Cabral (PMDB) exonerou o ex-chefe do corpo de bombeiros, coronel Pedro Machado, substituindo-o pelo coronel Sérgio Simões.