Estudar é como andar de bicicleta. Se parar, é queda na certa. Todo dia é um aprendizado. Fernando Pessoa disse que ``tudo quanto vive, vive porque muda; muda porque passa``. Ainda mais antigamente, o filósofo Heráclito, de Éfeso, foi mais taxativo. Ele disse que ``Nada é permanente, exceto a mudança``.
Ora, se naquele tempo, há mais de 500 anos antes de Cristo, a mudança era a constante, imagine agora, nesse tempo de globalização, de internet e de informação em tempo real.
Hoje, com toda parafernália tecnológica, as informações nos chegam aos borbotões. Toda hora, um conhecimento se sobrepõe ao outro, exigindo de nós uma contínua predisposição ao estudo e ao aprendizado. Se não, seremos rapidamente ultrapassados, cairemos da bicicleta.
O presidente Barack Obama compreendeu muita bem essa lição. Assim ele se expressou num de seus primeiros discursos na qualidade de presidente dos Estados Unidos: ``Peço a todos que dediquem pelo menos um ano a mais ao ensino superior ou à qualificação profissional. Qualquer que seja esse treinamento, todos precisarão ter mais do que um diploma universitário``.
Com esses números, é de se imaginar que a educação, principalmente o ensino superior, esteja em crise nos Estados Unidos. Note-se que lá o índice de jovens na idade de 18 a 24 anos que cursam o ensino superior é em torno de 80%. Apesar disso, o presidente Obama está muito preocupado, e quer elevar esse índice a 100%.
Ele sabe que se não fizer isso, vai perder em competitividade. Vai perder a liderança de maior economia do mundo, de maior emissor mundial de tecnologia, enfim está ameaçado de perder o posto de locomotiva que impulsiona o planeta.
Se o índice de 80% de jovens na universidade causa tanta preocupação ao presidente americano, como deveria ser a nossa preocupação, já que nosso índice é de apenas 13%. O Brasil perde até mesmo para seus países vizinhos na América do Sul, o que nos deixa tristes e preocupados em relação ao nosso futuro.
Sabemos que é no ensino superior onde se desenvolvem as tecnologias, o conhecimento. É o que faz a diferença na competição internacional. Temos uma grande quantidade de talentos, mas sistemicamente estamos atrasados, e muito, em relação a outros países. O problema da educação superior no Brasil é grande, mas não é único nem o maior.
O maior deles mesmo é o analfabetismo, que atingem uma multidão de 19 milhões de pessoas. É um problema que resiste a governos e a políticas testadas nesses últimos anos. É um retrato doloroso pendurado na parede de cada escola brasileira. Essa multidão, uma população superior a de muitos países, se encontra com deficiência. Vêem mas não distinguem números e letras, tem dificuldade até de locomoção em lugares estranhos. São cidadãos sem exercer seus plenos direitos.
Enquanto não extinguirmos esse mal, milhões de brasileiros viverão em eterna quarentena, afastados do mundo da leitura e de seus benefícios.
Outro gargalo no nosso sistema educacional se encontra nos últimos anos do ensino médio. As políticas públicas encetadas a partir da década de 1990 propiciaram a universalização do acesso ao ensino, com 97% das crianças na escola, atingindo seu alvo quantitativo. Falta o passo seguinte, dar qualidade ao ensino que foi universalizado.
Além de não conseguirmos dá esse salto de qualidade, e talvez até por isso mesmo, verificamos um alto índice de evasão durante a jornada do ensino. Os estudantes vão ficando pelo meio do caminho, sem chegar ao destino desejado. Na rede pública, apenas a metade dos alunos que entra no ensino fundamental chega ao final do curso. E somente 30% terminam o ensino médio. Na ponta do lápis, 70% das crianças viram analfabetos funcionais.
Outra praga, com alta carga de letalidade para o ensino é o analfabetismo escolar. As crianças freqüentam a escola, mas não aprendem o conteúdo que lhe é apresentado no momento adequado, não são alfabetizadas na idade certa.
Medidas recentes dão alento à luta pela boa educação. O Enem é uma delas. Ele se transformou em porta de entrada das universidades públicas, com dois grandes pontos positivos. O primeiro deles é que acaba com o vestibular. O segundo é que ele vai reorientar todo o conteúdo e pedagogia do ensino médio.
Ele passa a exigir dos alunos mais de suas competências e habilidades, do que simplesmente de sua capacidade de memorização de datas e fórmulas. Isto é, exige-se mais raciocínio e menos decoreba.
Outra grande iniciativa deu-se no ano passado, com a ampliação e antecipação da idade em que começa o ensino obrigatório. Antes, isso só se dava a partir dos sete anos. Agora, o ensino obrigatório se dá a partir dos quatro anos, o que terá forte impacto na educação infantil e no sistema de creche.
É nessa idade que se abrem muitas janelas do conhecimento, que se fechavam simplesmente por falta de oportunidade. É exatamente que se faz a diferença entre ricos e pobres para o resto da vida. Na corrida para disputar as oportunidades de trabalho na vida, os pobres largam lá atrás. Os ricos partem na frente, pois seus filhos começam a estudar desde o primeiro ou segundo ano de vida.
Tudo que se faz em educação leva muito tempo para frutificar. Por isso toda ação é urgente, por isso devemos nos unir em torno da causa da educação, de garantir mais recursos, mais investimentos.
Se eu fosse uma comandante e me fosse dado dizer apenas três ordens de comando, seriam estas: Estude, estude, estude.
Estude sempre e muito.
Ora, se naquele tempo, há mais de 500 anos antes de Cristo, a mudança era a constante, imagine agora, nesse tempo de globalização, de internet e de informação em tempo real.
Hoje, com toda parafernália tecnológica, as informações nos chegam aos borbotões. Toda hora, um conhecimento se sobrepõe ao outro, exigindo de nós uma contínua predisposição ao estudo e ao aprendizado. Se não, seremos rapidamente ultrapassados, cairemos da bicicleta.
O presidente Barack Obama compreendeu muita bem essa lição. Assim ele se expressou num de seus primeiros discursos na qualidade de presidente dos Estados Unidos: ``Peço a todos que dediquem pelo menos um ano a mais ao ensino superior ou à qualificação profissional. Qualquer que seja esse treinamento, todos precisarão ter mais do que um diploma universitário``.
Com esses números, é de se imaginar que a educação, principalmente o ensino superior, esteja em crise nos Estados Unidos. Note-se que lá o índice de jovens na idade de 18 a 24 anos que cursam o ensino superior é em torno de 80%. Apesar disso, o presidente Obama está muito preocupado, e quer elevar esse índice a 100%.
Ele sabe que se não fizer isso, vai perder em competitividade. Vai perder a liderança de maior economia do mundo, de maior emissor mundial de tecnologia, enfim está ameaçado de perder o posto de locomotiva que impulsiona o planeta.
Se o índice de 80% de jovens na universidade causa tanta preocupação ao presidente americano, como deveria ser a nossa preocupação, já que nosso índice é de apenas 13%. O Brasil perde até mesmo para seus países vizinhos na América do Sul, o que nos deixa tristes e preocupados em relação ao nosso futuro.
Sabemos que é no ensino superior onde se desenvolvem as tecnologias, o conhecimento. É o que faz a diferença na competição internacional. Temos uma grande quantidade de talentos, mas sistemicamente estamos atrasados, e muito, em relação a outros países. O problema da educação superior no Brasil é grande, mas não é único nem o maior.
O maior deles mesmo é o analfabetismo, que atingem uma multidão de 19 milhões de pessoas. É um problema que resiste a governos e a políticas testadas nesses últimos anos. É um retrato doloroso pendurado na parede de cada escola brasileira. Essa multidão, uma população superior a de muitos países, se encontra com deficiência. Vêem mas não distinguem números e letras, tem dificuldade até de locomoção em lugares estranhos. São cidadãos sem exercer seus plenos direitos.
Enquanto não extinguirmos esse mal, milhões de brasileiros viverão em eterna quarentena, afastados do mundo da leitura e de seus benefícios.
Outro gargalo no nosso sistema educacional se encontra nos últimos anos do ensino médio. As políticas públicas encetadas a partir da década de 1990 propiciaram a universalização do acesso ao ensino, com 97% das crianças na escola, atingindo seu alvo quantitativo. Falta o passo seguinte, dar qualidade ao ensino que foi universalizado.
Além de não conseguirmos dá esse salto de qualidade, e talvez até por isso mesmo, verificamos um alto índice de evasão durante a jornada do ensino. Os estudantes vão ficando pelo meio do caminho, sem chegar ao destino desejado. Na rede pública, apenas a metade dos alunos que entra no ensino fundamental chega ao final do curso. E somente 30% terminam o ensino médio. Na ponta do lápis, 70% das crianças viram analfabetos funcionais.
Outra praga, com alta carga de letalidade para o ensino é o analfabetismo escolar. As crianças freqüentam a escola, mas não aprendem o conteúdo que lhe é apresentado no momento adequado, não são alfabetizadas na idade certa.
Medidas recentes dão alento à luta pela boa educação. O Enem é uma delas. Ele se transformou em porta de entrada das universidades públicas, com dois grandes pontos positivos. O primeiro deles é que acaba com o vestibular. O segundo é que ele vai reorientar todo o conteúdo e pedagogia do ensino médio.
Ele passa a exigir dos alunos mais de suas competências e habilidades, do que simplesmente de sua capacidade de memorização de datas e fórmulas. Isto é, exige-se mais raciocínio e menos decoreba.
Outra grande iniciativa deu-se no ano passado, com a ampliação e antecipação da idade em que começa o ensino obrigatório. Antes, isso só se dava a partir dos sete anos. Agora, o ensino obrigatório se dá a partir dos quatro anos, o que terá forte impacto na educação infantil e no sistema de creche.
É nessa idade que se abrem muitas janelas do conhecimento, que se fechavam simplesmente por falta de oportunidade. É exatamente que se faz a diferença entre ricos e pobres para o resto da vida. Na corrida para disputar as oportunidades de trabalho na vida, os pobres largam lá atrás. Os ricos partem na frente, pois seus filhos começam a estudar desde o primeiro ou segundo ano de vida.
Tudo que se faz em educação leva muito tempo para frutificar. Por isso toda ação é urgente, por isso devemos nos unir em torno da causa da educação, de garantir mais recursos, mais investimentos.
Se eu fosse uma comandante e me fosse dado dizer apenas três ordens de comando, seriam estas: Estude, estude, estude.
Estude sempre e muito.
ANGELA ALCANTARA- JORNALISTA