SEJA SEGUIDOR E FORTALEÇA NOSSO TRABALHO DE INFORMAR

You want to access my blogger and would appreciate any information about any subject can put what I will do my best to answer. Whether you live in: United States, Germany, United Kingdom, Pakistan, Portugal, Angola, Canada, Malaysia, Mozambique, Netherlands, Denmark, Russia, Morocco, United Arab Emirates, Or anywhere else in the world. I'll be here to help you. hugs Angela Alcantara

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O apartheid educacional

Nivelar por baixo tem sido a regra usual do comodismo contemporâneo. Parece realmente mais cômodo adotar a mediocridade como caminho para evitar que a sociedade desenvolva qualquer esforço mental e tente aprimorar seu conhecimento pelo estudo, pela procura do que seja mais qualificado. Os exemplos dessa negligência estão aí, às escâncaras, como na música atual brasileira, onde predomina a linguagem torpe e apelativa, com versos bobos e melodias repetitivas.

Agora, é o próprio Ministério da Educação (MEC) que embarca nesse lastimável engano, quando defende o livro Por uma vida melhor, de alfabetização de adultos, onde se propõe o uso da norma popular em situações de fala. O livro causa polêmica ao incluir frases com erros de concordância como “nós pega o peixe”. No texto, a autora da obra defende que os alunos podem falar do “jeito errado” porque o povo é que faz a língua, embora devam ter atenção quanto ao seu uso escrito.

Instituições como a Academia Brasileira de Letras (ABL) condenaram a estranha cartilha com argumentos irrefutáveis e a mesma preocupação angustia os grandes mestres nacionais, que consideram a atitude do MEC, no mínimo, constrangedora e de risco não calculado.

Um desses mestres, o respeitado gramático Evanildo Bechara já afirmou que “a defesa que foi feita desse livro decorre de um equívoco. Estão confundindo um problema de ordem pedagógica com uma velha discussão teórica sobre a valorização do linguajar popular”.

Acrescenta o autor da Moderna Gramática Portuguesa que o aluno não vai para a escola “para viver na mesmice” e continuar falando a língua do contexto doméstico, mas para se ascender à posição social melhor. A própria palavra educar, que é formada pelo prefixo latino edu, quer dizer conduzir. O papel da educação é justamente tirar a pessoa do ambiente estreito em que vive para alcançar uma situação melhor na sociedade. Segundo os autores do livro a proposta é que se aceite dentro da sala de aula todo tipo de linguagem, ao invés de reprimir aqueles que usam a linguagem popular...

Entretanto, já há movimentos de consumidores contra a Editora Global, responsável pela publicação, solicitando que seja proibida a comercialização do livro e retirados do mercado os exemplares que, por ventura, já tenham sido vendidos. Numa ação ajuizada na 1ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio foi requerida também indenização por danos morais coletivos. O Ministério Público também anuncia que vai tomar providências.

Está instalada mais uma grande polêmica nacional. Quanto a nós, brasileiros nascidos antes dos anos 50 do século passado, resta o direito ao espanto e à saudade. Saudade dos tempos pedagogicamente frutíferos em que, na sala de aula, se aprendia a ler em voz alta e a fazer um ditado. E, também, que os advérbios são invariáveis e o sujeito sempre deve concordar com o verbo.
Estaríamos errados?
ANGELA ALCANTARA – JORNALISTA