A literatura sobre a arte e a ciência da organização da coisa pública pressupõe a existência de personagens que se destacaram na reflexão e na prática da vida política. Desde os gregos aos nossos dias, muitos nomes merecem o nosso respeito e admiração, seja porque pensaram, seja porque fizeram.
Aspectos da vida do presidente Roosevelt, por exemplo, narrados por Roy Jenkins, demonstram o compromisso do biografado com o futuro do seu país e com a democracia do Ocidente.
No Brasil, pensadores políticos e alguns atores da vida pública podem ser colocados no rol dos que efetivamente colaboraram para o aperfeiçoamento do Estado brasileiro. Rui Barbosa, Vargas, José Américo de Almeida, Juscelino, Castelo Branco, Celso Furtado, Fernando Henrique, Roberto Campos e muitos outros são exemplos de cidadãos que transformaram a realidade social.
No momento, os representantes do povo, de uma maneira geral, não despertam a admiração dos cidadãos. Ao contrário, o rótulo de “político” é muitas vezes pejorativo.
Ao conversar, há poucos dias, sobre o péssimo estado de conservação do trecho da estrada que liga as cidades de Petrópolis ao Rio de Janeiro, observei o sentimento dos presentes em relação aos nossos eleitos. Há uma ideia generalizada de que o político, embora um cidadão público, está voltado primordialmente para seus próprios interesses.
E com o crescente número de denúncias e de constatação do desmando da coisa pública, os políticos são muitas vezes considerados malfeitores ou cidadãos indesejáveis à sociedade.
Os jornais e revistas trazem diariamente notícias e comentários sobre a corrupção atual no Brasil. Este jornal, por exemplo, tem pauta sobre a corrupção nas prefeituras cearenses.
A revista Veja, por seu lado, publica os grandes escândalos nacionais, desde os mensalões e o crime dos aloprados até a tentativa atual de retorno de Renan Calheiros à presidência do Senado. E em todos esses eventos há o envolvimento de ministros, ex-ministros e outros graduados membros do governo.
Somente o povo poderá alterar esse quadro de coisas espúrias. É preciso que a dignidade política retorne aos gabinetes.
ANGELA ALCANTARA – JORNALISTA