O Mercado Medieval de Óbidos, reconhecido internacionalmente por seu rigor histórico e um dos mais famosos de Portugal, reviveu neste mês em sua 10ª edição o espírito da Idade Média.
A pitoresca comunidade portuguesa de apenas 300 habitantes reconstruiu uma aldeia aos pés do Castelo de Óbidos, no alto de um penhasco com vista para o Atlântico.
Entre muralhas e aos pés de um castelo, portugueses e turistas desfrutaram uma programação de teatro, música, grandes banquetes, torneios medievais e desfiles de princesas, fadas, escudeiros e outros personagens da literatura fantástica medieval.
Os organizadores calculam que cerca de 100 mil visitantes passam por ali, dos quais 15% são espanhóis e no primeiro fim de semana do mês já contavam com 35 mil.
Muitos deles repetem o programa ano após ano, como Xus Jiménez, músico do conjunto catalão Els Berros da Cort, que participou dos shows programados e que reconhece o Mercado de Óbidos como um dos mais autênticos da Europa.
"(O mercado) é como um túnel do tempo. Cada vez que entramos pela muralha é como entrar em um mundo à parte, um conto", descreveu à Agência Efe.
Seu grupo apresenta a trilha sonora dessa viagem ao passado com um repertório medieval europeu que inclui melodias das "Cantigas de Alfonso o Sábio" e do "Livro Vermelho de Montserrat", versionadas para os ouvidos de nossos tempos.
"Nossa música tem seu fundamento na música medieval, à qual nós damos um pouco mais de riqueza com os conhecimentos atuais da música", precisou à Agência Efe Jordi Batallé, um dos percussionistas da banda.
Os shows dos espanhóis são uma lição de história medieval, segundo explicou à Efe, José Parreira, organizador do festival, que garante que é essa a "mensagem de história" o que mais diferencia o mercado, além da tranquila convivência em uma cenografia única em um dos castelos bem preservados de Portugal.
"Queremos que pessoas tenham bons momentos, comam bem.. Convivam, porque hoje é difícil ter um tempo para família (...) Mas o que queremos fazer é transmitir uma mensagem de história", explicou Parreira em declarações à Agência Efe.
Essa paixão pela pedagogia pesou em uma das novidades desta edição, um acampamento na encosta do castelo, onde um pequeno grupo de famílias pode pernoitar acompanhado do calor de fogueiras e viver uma noite de contos sobre bruxas e mistérios.
O imaginário medieval se confunde, no entanto, com o do século 21 em tavernas com jovens vestidas de princesas que se fotografam com câmeras digitais e druidas e bruxas que preparam a poção do amor com sangria doce.
Mas além de beber, comer e dançar, as aulas de história se dividem em sessões sobre instrumentos medievais, brinquedos antigos e lendas do primeiro rei de Portugal, Afonso Henriques.
Algumas delas são dirigidas por especialistas como Luís Laforga Granjo, um historiador que oferece explicações detalhadas dos antepassados da Casa Real de Portugal e Espanha.
Na sua opinião, o sucesso do evento, que vende árvores genealógicas de até sete antepassados, explica também o apoio e o interesse das pessoas por feiras medievais como a de Óbidos.
O povo "precisa sempre saber de suas origens e experimentar o passado em tempos de estresse e pouca reflexão", assinalou à Agência Efe o especialista.
Para isso, o município de Óbidos destinou um orçamento de 230 mil euros e pretende repetir a experiência do festival em uma versão natalina que será realizada de 9 de dezembro a 6 de janeiro de 2012.
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