É quase como se fosse uma Mostra Internacional de Cinema, mas só para crianças. O FICI (Festival Internacional de Cinema Infantil), já na sua nona edição, impressiona pela quantidade e diversidade de filmes que traz para as telas de cinema de São Paulo, a partir deste final de semana.
São mais de cem, muitos deles inéditos, de vinte países, e cobrindo uma classificação de faixa etária que vai dos quatro aos doze anos.
É uma boa oportunidade para conferir o que se tem feito em termos de produção audiovisual infantil em países de ponta no panorama internacional, como Dinamarca, Holanda, Japão, Alemanha. E expandir a cultura cinematográfica das crianças, hoje tão associada aos lançamentos blockbusters dos grandes estúdios que dominam a distribuição de filmes pelas salas do país.
Há filmes de animação, em live action (com atores), e até mesmo documentários. Sessões em que a dublagem é feita ao vivo, precedidas por brincadeiras em que os dubladores encarnam personagens como Bob Esponja e Cebolinha.
O festival reúne inéditos e clássicos, curtas brasileiros e internacionais, mostras especiais, além de oficinas de cinema de animação. Filmes premiados como "Meu Amigo Storm" (Dinamarca), "O menino que queria ser viking" (Estônia) e "O Diário do Panda" (Japão) são destaques.
"A ideia é diversificar, trazer um cardápio maior para a criança e abrir seus olhos. Sua cultura audiovisual não pode ficar restrita a apenas um universo, que às vezes é bitolado e muito ligado ao comércio", diz Carla Camurati, criadora do festival, que conta tê-lo concebido quando, grávida, conheceu evento semelhante de passagem pela Suécia, nove anos atrás.
O festival percorre dez cidades brasileiras e tem a expectativa de receber 350 mil crianças. No Rio, onde estreou, além da programação de cinema, o festival realizou um fórum em torno da formação cultural da nova geração. A ausência de uma política pública nacional de incentivo à produção audiovisual infantil e o acesso das crianças às mídias variadas (computadores, celulares, games) dominaram os debates.
"Hoje em dia, se você não entretém, não educa. Com tantos estímulos disponíveis para o menor, é muito difícil sustentar o ensino em frente a um quadro negro. A grande tela do cinema pode pelo menos de vez em quando substituí-lo. Ela contribui muito para a concentração da criança - nela se desenrolam narrativas que conduzem ao conhecimento", afirma Carla Esmeralda, que dirige o festival junto com Camurati.
Esmeralda cita a sessão Pequeno Cientista, na qual o filme europeu "Oceanos", que se utiliza de avançados recursos tecnológicos na captação de imagens, será comentando por um especialista em oceanografia. No Rio, a sessão encerrou-se com experimentos na sala de cinema, com direito a exposição de aquários.
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