TRÍPOLI (Reuters) - Documentos encontrados no escritório abandonado do chefe da inteligência de Muammar Gaddafi indicam que as agências de espionagem britânica e dos EUA ajudaram o líder deposto a perseguir dissidentes líbios, declarou a Human Rights Watch (HRW) neste sábado.
Os documentos foram descobertos pela organização de direitos humanos nos escritórios abandonados do ex-chefe de espionagem e ministro do Exterior líbio Moussa Koussa.
O grupo disse que descobriu centenas de cartas entre a CIA, o M16 e Koussa, que está agora exilado em Londres. Cartas da CIA começavam com: "Caro Moussa" e eram assinadas informalmente, apenas com os primeiros nomes de funcionários da CIA, segundo o HRW.
O atual comandante militar de Trípoli, do governo provisório da Líbia, Abdel Hakim Belhadj, estava entre os dissidentes que foram capturados pela CIA e enviados para a Líbia, de acordo com o HRW.
"Entre os arquivos descobertos no escritório de Moussa Koussa, há um fax da CIA datado de 2004, em que a agência americana informa ao governo líbio que eles estão prontos para capturar e entregar Belhadj", disse à Reuters Peter Bouckaert, da HRW, que estava com o grupo que encontrou os documentos.
"Essa operação de fato aconteceu. Ele foi capturado pela CIA na Ásia e colocado em um voo secreto para a Líbia, onde foi interrogado e torturado pelos serviços de segurança da Líbia."
Belhadj já disse que foi torturado por agentes da CIA, antes de ser transferido para a Líbia, onde ele disse que também foi torturado na famosa prisão Abu Salim, em Trípoli.
A CIA não fez nenhum comentário específico sobre o relatório da HRW. Um porta-voz do governo britânico disse que à Reuters que a Grã-Bretanha "não fala sobre assuntos ligados à inteligência".
Bouckaert mostrou à Reuters fotos de vários documentos e de cartas, em seu computador, que ele disse que eram da CIA para Koussa e que eram assinadas por "Steve". Ele também mostrou fotografias que ele disse que eram de cartas do MI6 dando informações para a inteligência da Líbia, sobre dissidentes líbios na Grã-Bretanha.
"Nossa preocupação é que, quando essas pessoas foram entregues à segurança líbia, elas foram torturados e a CIA sabia que isso aconteceria quando eles entregassem pessoas como Abdel Hakim para os serviço de segurança da Líbia", disse Bouckaert.
Documentos mais recentes mostram que, depois que a guerra começou, há seis meses, a Líbia procurou um antigo grupo rebelde do Estado separatista da Somália Puntland, a Frente de Salvação da Somália, pedindo que eles enviassem 10.000 combatentes para Trípoli, para ajudar a defender Gaddafi.
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