LONDRES - O governo britânico voltou atrás na quinta-feira nos planos de criar legislação especial para interromper os serviços de internet em situações de emergência, como os distúrbios que atingiram Londres e outras grandes cidades do Reino Unido há duas semanas. O anúncio foi feito por um porta-voz do Ministério do Interior após uma reunião da titular da Pasta, Thereza May, com representantes dos sites de relacionamento Twitter e Facebook e da empresa Research in Motion, responsável pelo Blackberry.
Na semana passada, o premier David Cameron havia acenado com um bloqueio como forma de evitar novos saques e depredações, depois de a polícia de Londres, a Scotland Yard, ter acusado suspeitos de usarem mídias sociais para organizarem suas ações. Os planos foram duramente criticados por organizações de defesa dos direitos civis, que compararam Cameron a Hosni Mubarak, o ditador egípcio que suspendeu a internet no país para tentar reprimir os protestos do final de janeiro que levaram à sua derrubada.
- Foi uma reunião produtiva em que foi discutido como autoridades e empresas podem colaborar para reprimir o uso das redes sociais para atividades criminais. Mas o governo não buscará novos poderes para bloquear as redes - disse o porta-voz.
Menor será julgado por usar rede para instigar violência
Em nota, o Facebook elogiou o recuo do governo na questão das restrições e ressaltou o papel positivo que o serviço teve na organização de mutirões de limpeza e de campanha de solidariedade para a arrecadação de fundos para vítimas como comerciantes que tiveram lojas depredadas. Já um representante do Twitter falou em como o site teria ajudado a desmentir rumores sobre distúrbios em áreas que não foram atingidas.
O argumento inicial do governo também sofreu um golpe com a publicação de dados iniciais de um estudo do jornal "Guardian", mostrando que o tráfego no Twitter teve picos após os ataques, e que as mensagens, em sua maioria, continham reações contrárias aos saques e depredações - o que desmentiria a hipótese de uso do serviço para a coordenação da revolta.
Nos últimos dias, duas pessoas foram condenadas a quatro anos de prisão por incitarem saques usando o Facebook. E Johnny Melfah, um jovem de 16 anos da cidade de Droitwich, tornou-se o primeiro menor de idade envolvido com os distúrbios que teve sua idade revelada. No entanto, ele não esteve nas ruas, mas incentivou saques por meio do Facebook. Melfah será julgado no mês que vem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário