Resultados de prova aplicada no início da vida escolar mostram que desempenho da rede particular é superior logo nos primeiros anos
Pela primeira vez o Brasil aplicou uma avaliação para medir a qualidade da alfabetização dos estudantes e diagnosticar problemas logo no início da vida escolar. Os resultados são alarmantes e mostram que as desigualdades entre as redes pública e privada começam desde cedo.
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Em Matemática, apenas 32,6% dos alunos de escolas públicas alcançaram o resultado esperado, enquanto 74,3% atingiram os objetivos desejados na rede privada. A diferença se repete em Português, que teve provas de interpretação de texto e uma redação. Em Leitura, 79% dos estudantes de escolas particulares aprenderam o que era esperado, enquanto 48,6% tiveram o desempenho ideal na rede pública. Na escrita, 82,4% das crianças que estudam em escolas particulares estão no nível desejado; já nas públicas, 43,9% alcançaram o mesmo resultado.
A prova batizadade de ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização) foi aplicada pelo movimento Todos Pela Educação, que tem como uma das metas que toda criança seja alfabetizada até os 8 anos de idade. Para Priscila Cruz, diretora-executiva da entidade, a diferença entre as redes e entre as regiões tende a se ampliar ao longo da vida escolar, por isso o diagnóstico precoce das defasagens é importante.
O exame foi aplicada a 6 mil alunos que concluíram o 3º ano (2ª série) do ensino fundamental em 250 escolas públicas e particulares localizadas em capitais de todas as regiões do País. "Mesmo as melhores notas não são boas, pois 100% das crianças deveriam ter atingido o mínimo esperado", reforça Priscila.
A avaliação seguiu a escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e teve como média 175 pontos – aprendizado ideal para a etapa da educação avaliada. Em Leitura, era esperado que os alunos conseguissem identificar temas de uma narrativa, localizassem informações explícitas, identificassem características de personagens e percebessem relações de causa e efeito, entre outras tarefas. Em Matemática, atingir no mínimo 175 pontos significa que os alunos têm, por exemplo, domínio da adição e subtração e conseguem resolver problemas simples.
Na redação, foram avaliadas três competências: adequação ao tema e ao gênero; coesão e coerência e registro (grafia das palavras, adequação às normas gramaticais, segmentação de palavras e pontuação). Para isso, as crianças foram solicitadas a fazer uma carta com no máximo 10 linhas. Em uma escala que vai de 0 a 100 pontos, o desempenho esperado dos alunos avaliados era de pelo menos 75 pontos.
Cada aluno respondeu também a 20 questões de múltipla escolha de Leitura ou de Matemática. A avaliação foi aplicada em parceria do movimento Todos Pela Educação com o Instituto Paulo Montenegro /IBOPE, a Fundação Cesgranrio e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Brasil - Leitura | ||
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Rede | Pontuação (média 175) | Alunos com desempenho adequado |
Pública | 175,8 | 48,6% |
Particular | 216,7 | 79,0% |
Total | 185,8 | 56,1% |
Brasil - Matemática | ||
Rede | Pontuação (média 175) | Alunos com desempenho adequado |
Pública | 158,0 | 32,6% |
Particular | 211,2 | 74,3% |
Total | 171,1 | 42,8% |
Brasil - Escrita | ||
Rede | Pontuação (média 75) | Alunos com desempenho adequado |
Pública | 62,3 | 43,9% |
Particular | 86,2 | 82,4% |
Total | 68,1 | 53,4% |
Regiões
Na média nacional do Brasil, nem metade dos alunos (42,8%) aprendeu o que era esperado em Matemática e 56,1% atingiram o desempenho ideal em Português.
A prova também registrou desigualdades entre as regiões brasileiras. O Sul, o Sudeste e o Centro ficaram acima da média nacional e tiveram percentuais de alunos com desempenho dentro do esperado superiores a 60% em português e próximos de 50% em matemática.
Já o Norte e o Nordeste ficaram abaixo da média e tiveram cerca de 43% dos alunos com nível adequado em Português. Em Matemática o desempenho foi pior: no Nordeste, 32,4% dos estudantes aprenderam o esperado e, no Norte, apenas 28,3% estão no nível adequado.
“Estes dados apontam que os baixos desempenhos em matemática apresentados pelos alunos brasileiros ao final do Ensino Fundamental, e posteriormente do Ensino Médio, começam já a serem traçados nos primeiros anos da vida escolar. Fato que nos coloca diante da necessidade de promover políticas públicas de incentivo a aprendizagem de matemática desde a alfabetização”, afirma Ruben Klein, consultor da Cesgranrio.
Veja o desempenho das regiões em Matemática:
Norte | ||
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Rede | Pontuação (média 175) | Alunos com desempenho adequado |
Pública | 145,4 | 21,9% |
Particular | 196,7 | 67,7% |
Total | 152,6 | 28,3% |
Nordeste | ||
Rede | Pontuação (média 175) | Alunos com desempenho adequado |
Pública | 148,0 | 25,2% |
Particular | 186,9 | 54,7% |
Total | 158,2 | 32,4% |
Sudeste | ||
Rede | Pontuação (média 175) | Alunos com desempenho adequado |
Pública | 161,9 | 35,6% |
Particular | 224,2 | 80,6% |
Total | 179,1 | 47,9% |
Sul | ||
Rede | Pontuação (média 175) | Alunos com desempenho adequado |
Pública | 171,3 | 44,5% |
Particular | 224,9 | 86,3% |
Total | 185,6 | 55,7% |
Centro-Oeste | ||
Rede | Pontuação (média 175) | Alunos com desempenho adequado |
Pública | 167,1 | 40,6% |
Particular | 204,2 | 78,9% |
Total | 176,5 | 50,3% |
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