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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Morro carioca vira cenário de filme que ridiculariza traficantes e policiais


“Totalmente Inocentes” faz piada com “Cidade de Deus” e “Tropa de Elite”, e inaugura novo gênero cinematográfico no País

Foto: Léo Ramos
iG acompanhou a filmagem de "Totalmente Inocentes"

Dezenas de policiais fortemente armados tomam o morro Dona Marta, em Botafogo, zona sul do Rio. A ação é para prender o perigoso traficante conhecido como Diaba Loura, chefe do tráfico local.
Os policiais são atores. As armas, de brinquedo. Diaba Loura é um divertido travesti interpretado por Kiko Mascarenhas. O morro Dona Marta, que desde dezembro de 2009 tem uma UPP (Unidade de Policia Pacificadora), é set de “Totalmente Inocentes”, primeiro filme de Rodrigo Bittencourt.
A reportagem do iG acompanhou na noite de terça-feira (23) as filmagens do longa, que também tem no elenco Viviane Pasmanter, Fabio AssunçãoMariana Rios, Fabio Porchat, entre outros. Trata-se de uma sátira ao gênero “favela movie”, ao contar a história de um trio de jovens que vive numa fictícia favela carioca. O mais velho deles, Da Fé (Lucas de Jesus), é apaixonado por Gildinha (Mariana), que também mora naquela comunidade. Ingênuo, ele acredita que para conquistar sua amada ele precisa se tornar o chefão daquele lugar. O problema é que ele e seus amigos são gente boa e não levam o menor jeito para o crime.
Favela Fashion Week
O morro é disputado por duas facções rivais. A do bando da Diaba Loura, travesti interpretada por Kiko Mascarenhas, e a do bando de Torrado, vivido por Fabio Porchat. “Com esta minha cor branquela estou mais para assassino da Noruega. Mas a ideia é essa mesma, brincar com os estereótipos”, diz Fabio. O bando da Diaba Loura invade o morro como se estivesse entrando na passarela do Fashion Week, repleto de brilhos, maquiagem e poses. “Fico uma hora e meia para me arrumar”, conta Kiko, de peruca, unhas pintadas, cílios postiços e roupa que lembra o roqueiro Marilyn Manson.
Dois dos intérpretes de bandidos mais temidos do cinema nacional (Zé Pequeno, em “Cidade de Deus”, e Baiano, em “Tropa de Elite”) agora são policiais. A dupla Leandro Firmino e Fabio Lago interpreta os engraçados Tranquilo e Nervoso. “O Tranquilo é bem nervoso, e o Nervoso é o oposto”, explica Lago. “É tão difícil fazer filme como bandido como policial, não vejo diferença”, diz Firmino.
Foto: Léo Ramos
Fábio Porchat e Mariana Rios se divertem nos bastidores
Fuga das galinhas
O nome da favela é DCC, sátira também ao nome da CDD (Cidade de Deus, comunidade da zona oeste do Rio, que deu nome ao filme que inaugurou a cinematografia recente de favelas). Há cenas como a fuga da galinha entre as ruelas do morro e até a tomada em 360 graus do cerco de traficantes, ambas presentes no “Cidade de Deus”. O diretor explica que não se trata de uma ironia, mas uma homenagem ao cinema nacional. “É uma história de amizade entre garotos, em meio a uma comédia bastante popular. Por que um cara da favela não pode sonhar? É isso que discuto com o filme”, diz Bittencourt.
Ao invés de sangue, violência, mortes e policiais corruptos, o roteiro prioriza o riso. Fabio Assunção vive Wanderlei, um jornalista atrapalhado que trabalha para a revista Taras & Tiros, mistura de revista de celebridades com jornal policial.
Com custo de produção avaliado em R$ 4 milhões e produzido por duas campeãs de bilheteria em comédias recentes (Mariza Leão, de “De Pernas pro ar”, e Iafa Britz, de “Se eu fosse você 2”), o filme tem previsão de estreia para o começo do segundo semestre de 2012. “Cinema americano faz muito isso, de brincar com seus filmes nas piadas. Estamos inaugurando um novo gênero no País com este longa”, afirma Iafa.

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