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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ministério da Saúde vai substituir as 'gotinhas' contra pólio


Mudança ainda não tem prazo para acontecer, mas vacina oral será substituída pela vacina injetável, considerada mais segura

O Ministério da Saúde vai substituir a vacina oral contra a poliomielite, a Sabin, pelo imunizante injetável. O motivo da troca, que já foi feita em outras partes do mundo, é que a forma injetável é produzida com o vírus morto, ou inativado, portanto mais segura.
Oficialmente, o ministério não tem prazo para o início da transição, mas divulgou informe técnico para as secretarias de Estado de Saúde alertando para a mudança em 2012. O documento recomenda ações intensificadas de imunização "de modo a alcançarem coberturas vacinais de no mínimo 95%" e promete a apresentação da nova estratégia para este semestre. Até então, para tornar as campanhas de vacinação mais atraentes para as crianças, o Ministério da Saúde criou, em 1996, o personagem Zé Gotinha.




"A Sociedade de Imunizações já espera essa troca há muito tempo e já vinha recomendando o uso da vacina inativada. É uma mudança que já ocorreu em todos os países desenvolvidos, mas não é uma mudança simples", afirma a médica Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim-RJ).
A vacina oral é feita com o vírus atenuado. Apesar de raro, há o risco de infecção por esse vírus, que provoca a pólio vacinal - doença causada pela própria vacina. "É preciso ressaltar que o benefício da pólio oral é muito grande. A poliomielite é uma doença transmissível, que incapacita e até mata. Mas há o risco de um caso para 800 mil doses de provocar a pólio vacinal. Se nós temos uma vacina mais segura, devemos usá-la", defende Isabella.
Embora não esteja disponível nos postos de saúde, a vacina inativada já é encontrada nas clínicas particulares. "É uma vacina segura. Nas clínicas, é oferecida conjugada a outras vacinas, como a DTP (difteria, tétano e coqueluche), com hemófilos tipo b (contra meningite) e hepatite B. Acredito que o ministério vá seguir a mesma estratégia. Se isso ocorrer, não deve haver resistência da população a mais uma vacina injetável", avalia o médico Alberto Chebabo, chefe do Serviço de Doenças Infecto-Parasitárias do Hospital Universitário da UFRJ.
De acordo com Isabella, os países que já fizeram a transição das gotinhas para a injetável optaram por oferecer a nova vacina nas duas primeiras doses, aos 2 e 4 meses. As demais - aos 6 e aos 15 meses, além das doses de reforço, nas campanhas - são da vacina tradicional, na forma oral. "As duas primeiras doses com a vacina usando vírus inativado já garante a proteção contra o vírus da pólio, inclusive o vacinal", explica.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que a incorporação de novas vacinas "segue critérios que são avaliados por grupos de trabalho formados por especialistas. Eles avaliam a tecnologia, custo benefício, custo efetividade, além do impacto epidemiológico, imunológico e logístico. Essa análise ainda depende de capacidade produtiva dos laboratórios e capacitação de profissionais".

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