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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Rebeldes líbios avançam em direção a Trípoli

Zawiyah, Líbia, 19 Ago 2011 (AFP) -Rebeldes líbios afirmaram nesta sexta-feira ter assumido o controle das cidades de Zliten e Zawiyah, dois pontos de grande importância estratégica no avanço para Trípoli, a capital líbia.
A queda de Zawiyah tem relevância fundamental para o domínio rebelde no país, pois nesta cidade encontra-se uma das mais importantes refinarias de petróleo da Líbia.
O ataque à Zliten contou com a participação de 1.300 combatentes rebeldes, segundo testemunhas.
"Zliten está agora sob controle dos rebeldes, mas a guerra ainda não terminou", disse o Centro de Informação do Conselho Militar de Misrata.
Segundo o Centro, o ataque foi realizado às O7h30 local (02h30 de Brasília) e às 13h00 os rebeldes anunciaram que as tropas haviam realizado a invasão com êxito.
"As forças de Kadhafi usaram tanques para repelir os rebeldes e deixaram 40 feridos, sendo 10 em estado grave", revelou o Centro de Informação.
Ainda de acordo com o comunicado, de 40 a 50 soldados de Kadhafi foram mortos e 12 mercenários africanos, capturados.
Em meio à ofensiva, o antigo colaborador de Kadhafi e ex-número dois do regime líbio, Abdessalam Jalloud, fugiu de Trípoli para se unir aos rebeldes na região de Jebel Nefusa.
"Abandonou Trípoli para aderir à rebelião", disse à AFP o porta-voz militar dos rebeldes, coronel Ahmed Omar Bani.
Segundo outro dirigente rebelde, que pediu para não ser identificado, Jalloud "chegou com sua família nesta sexta-feira a Zintan", cidade controlada pela oposição.
Em Zawiyah, centenas de rebeldes armados com rifles marcharam na praça central, antes um reduto das forças leais a Muamar Kadhafi, e se dirigiram ao hospital da cidade, que estava decorado com bandeiras verdes e retratos do ditador líbio.
Desde quarta-feira três novas tropas foram criadas, uma em Ajaylat, no oeste, outra a leste em Al-Hicha, e a terceira em Morzuk, sudoeste do Saara.
Os combatentes permanecem em Brega, no leste.
Os rebeldes já haviam dito na quinta-feira que tinham dominado a refinaria de Zawiyah, mas a afirmação foi tida como absurda pelo primeiro-ministro líbio, Baghdadi Mahmudi. "Sem sombra de dúvidas a refinaria está sob controle de forças leais", disse Mahmudi.
A refinaria de Zawiyah, a única no lado ocidental da Líbia, abastece toda região de Trípoli, sendo vital para o regime.
Os rebeldes prometem dominar Trípoli antes do final do mês sagrado muçulmano de jejum do Ramadã, que termina no final de agosto. Até mesmo o ministro das Relações Exteriores italiano, Franco Frattini, apelou à população da capital que se rebele contra Kadhafi.
"Esperamos que a população de Trípoli, que infelizmente está fugindo, compreenda que o regime tem prejudicado o seu próprio povo e, portanto, é preciso participação no processo de mudança política para derrubar o regime de Kadhafi", disse Frattini, de Roma.
A Organização Internacional de Migração (IOM, na sigla em inglês) informou que está elaborando planos para a evacuação de milhares de pessoas presas em Trípoli, já que vários pontos de saída foram bloqueados pelos rebeldes.
O porta-voz da IOM, Jemini Pandya, disse à AFP, em Genebra, que até o momento nenhuma data foi fixada para o início da retirada de pessoas de Trípoli, mas que milhares de migrantes estavam esperando para sair.
"Ainda estamos trabalhando para colocá-los em um plano de resgate, que não começará até que tudo esteja no lugar", disse Pandya.
"Já existem milhares de egípcios que estão prontos para a evacuação imediata, e o que temos ouvido é que a cada dia existem mais e mais pedidos", disse Pandya.
"Eles não podem sair pela estrada, porque o ponto de saída mais próximo seria a Tunísia, e os combates na frente ocidental têm fechado essa opção", disse ela.
Já o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) indica que a guerra se intensificou numa "rápida deterioração da situação humanitária" em várias cidades da Líbia.
"O CICV está profundamente preocupado com o crescente número de vítimas", indicou. "Até mesmo nossos hospitais estão sendo atacados ou utilizados para fins militares", disse a CICV.
Segundo a CICV, na cidade de Misrata - sob domínio rebelde - as condições estão piorando cada vez mais para os civis.
Segundo relatos de um jornalista da AFP, os ataques aéreos da Otan destruíram a casa de um cunhado de Kadhafi em Trípoli, Abdullah al-Senussi, que é também chefe da inteligência líbia e é procurado pelo Tribunal Penal Internacional.
Guardas líbios disseram a repórteres que um indiano que trabalhava como cozinheiro de al-Senussi foi morto, mas não puderam confirmar se ele estava em casa no momento do ataque, às 05h00 (00h00 de Brasília).
Várias de explosões foram ouvidas em Trípoli por volta das 01h00 (20h00 de Brasília), principalmente na zona oeste da cidade.

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