Nas pegadas da aprovação, na Câmara, do projeto que disciplina os investimentos em saúde pública, Ideli Salvatti informa de onde sairá a verba extra: do seu bolso.
Em entrevista às repórteres Vera Rosa e Tânia Monteiro, a ministra declara, sem titubeios, que vem aí um novo imposto.
O subfinanciamento da saúde foi estimado pelo ministro Alexandre Padilha (Saúde) em R$ 45 bilhões anuais.
A proposta enviada pela Câmara ao Senado anota coisas definitivas sem definir muito bem as coisas.
O texto carrega um sucedâneo da CPMF, apelidado de CSS. Mas os deputados cuidaram de derrubar a base de cálculo, inviabilizando a cobrança.
Num instante em que governadores e congressistas se descabelam em busca de fontes alternativas, Ideli injeta no debate um quê de fato consumado:
“É um novo imposto”, diz a coordenadora política de Dilma Rousseff, em timbre peremptório.
Supondo-se que a ministra esteja ecoando Dilma, é a primeira vez que o governo admite em público algo que só era urdido em segredo.
Na semana passada, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), tornou-se destinatário de uma carta assinada por 22 governadores.
O texto pede a definição de “novas fontes” para a saúde. Em reunião com os signatários, Maia comprometeu-se a constituir uma comissão.
Segundo Ideli, é essa comissão que irá “resgatar” a base de cálculo da nova CMPF, viabilizando a cobrança por meio de um novo projeto de lei.
O imposto da saúde, afirma Ideli, não virá neste ano. É coisa para 2012. "Você não pode trabalhar desonerando de um lado e onerando de outro", diz a ministra.
Vivo, Garrincha perguntaria: “Já combinaram com os russos?” Como se recorda, 2012 é ano de eleições municipais.
O calendário conduz a uma segunda interrogação: o que fará Ideli para convencer os “russos” a aprovarem na beira das urnas um tributo que rejeitaram agora?
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