Depois de uma semana de turbulência e perdas, os mercados financeiros começaram em baixa nesta segunda-feira, mas subiram ao longo do dia em meio a perspectivas de um novo pacote de ajuda para combater a crise da dívida na zona do euro, em especial na Grécia.
As ações de bancos alemães e franceses - particularmente expostos ao endividamento grego - tinham, ao redor de 10h (horário de Brasília), algumas das maiores elevações desta segunda, entre 6% e 8%.
O índice londrino FTSE 100 tinha alta de cerca de 1%; o Dax, da Alemanha, subia quase 3%, e o francês CAC 40 subia cerca de 1,85%. Os índices americanos Nasdaq e Dow Jones e o brasileiro Ibovespa abriram com altas.
Segundo fontes do FMI (Fundo Monetário Internacional) ouvidas pela BBC, um pacote anticrise está sendo planejado, e um dos pontos principais deverá ser a redução de até 50% na dívida da Grécia.
O plano também deverá ampliar os recursos de um fundo de resgate da zona do euro (EFSF, ou European Financial Stability Facility), para um total de 2 trilhões de euros - quatro vezes mais do previsto inicialmente. O aumento seria feito a partir de um acordo que permitiria ao Banco Central Europeu emprestar dinheiro em parceria com o fundo.
Governos europeus dizem esperar ter a proposta pronta em até seis semanas.
Espera-se também que investidores privados da dívida grega aceitem reduzir o valor de seus títulos em até 50%.
Publicamente, líderes mundiais descartam a possibilidade de moratória para a Grécia. Mas relatos sugerem que há discussões em curso para permitir que o país dê calote parcial em parte de suas dívidas e permaneça na zona do euro.
Um terceiro elemento do plano almeja o fortalecimento de bancos europeus, diante da percepção de que eles teriam pouco capital para absorver perdas.
Mas parlamentares dos países europeus temem que os riscos e custos recaiam sobre os impostos pagos pelos seus cidadãos.
INCERTEZAS
Durante o final de semana, representantes do G20 (grupo das economias mais ricas e emergentes) reafirmaram comprometimento com "uma resposta internacional forte e coordenada" à crise, mas analistas preveem semanas de volatilidade nos mercados financeiros, por conta das dúvidas dos investidores quanto à eficácia das medidas e à recuperação das economias europeias e americana.
Na Alemanha, a maior economia da zona do euro, um índice que mede o otimismo para negócios chegou a um de seus níveis mais baixos, segundo relato da agência France Presse.
O editor de negócios da BBC News, Robert Peston, relata que dar eficiência aos pacotes de resgate será um grande desafio, e que um eventual fracasso pode resultar em crescimentos anêmicos ou recessões nas economias desenvolvidas.
Ainda na noite de domingo, o FMI anunciou que seus inspetores vão retornar à Grécia "provavelmente nesta semana", para verificar os avanços obtidos pelo governo de Atenas.
O anúncio foi feito pouco depois do encontro, em Washington, entre o ministro das Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, com a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde.
O ministro disse que seu país continuaria seguindo as regras do plano de austeridade para obter o próximo pacote de ajuda.
Venizelos afirmou que as medidas tomadas por seu governo melhoraram o cenário financeiro do país, mas reconheceu que é preciso fazer mais.
"Se não fizermos esses sacrifícios, nossa soberania está em jogo", disse.
CATÁSTROFE
O ministro grego para Relações Econômicas Internacionais, Constantine Papadopoulos, disse que deixar a zona do euro seria uma catástrofe para o país.
"Pessoalmente acho que deixar a zona do euro nos levaria de volta para os anos 1960 ou 70", disse ele à BBC, dizendo que o sistema de moeda comum oferece ao país mais estabilidade, financiamento e competitividade por meio de incentivos à modernização.
Nesta semana, o FMI e a União Europeia devem monitorar os progressos que a Grécia vem atingindo em seus planos para a redução de seu deficit.
Atenas ainda recebe dinheiro de um pacote aprovado em maio do ano passado, embora a próxima parcela possa ser cancelada se os inspetores julgarem que o país não está cumprindo
as metas de cortes estipuladas.
Analistas dizem que a possibilidade de isso ocorrer é grande.
Sem a parcela deste mês, a Grécia não deve ser capaz de pagar sua dívida a partir de outubro.
Um segundo pacote do FMI e União Europeia foi aprovado para a Grécia em julho deste ano, mas ainda precisa da ratificação de vários países da zona do euro.
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