O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta terça-feira que o país deve escolher entre enriquecer ainda mais os ricos ou investir na educação, ao reagir às críticas dos republicanos sobre seu plano para criar empregos.
Durante uma breve visita a Ohio --Estado decisivo na corrida eleitoral e representado no Congresso pelo republicano John Boehner, presidente da Câmara-- Obama defendeu mais uma vez seu plano de US$ 447 bilhões para reativar a economia e criar empregos.
"Querem que os multimilionários conservem seus privilégios fiscais ou querem que os professores tenham trabalho?" --perguntou Obama a cerca de 3.000 pessoas em Ohio.
"Querem que as empresas petroleiras conservem suas vantagens fiscais ou querem reformar as escolas para que os operários da construção possam trabalhar novamente?"
Obama, candidato à reeleição em novembro de 2012, enfrenta uma taxa de desemprego de 9,1% nos Estados Unidos, longe de ter superado os efeitos da recessão de 2007-2009.
O plano para promover os empregos prevê o fim das isenções fiscais para os mais ricos, herdadas da administração do presidente republicano George W. Bush.
John Boehner disse nesta terça-feira que Obama tem uma "visão diferente" da dos republicanos sobre como reativar a economia e gerar empregos, e estimou que não se deve impor "impostos permanentes" para pagar os "gastos temporários" com o plano de reativação.
RECORDE
Os comentários de Obama chegam no mesmo dia em que o governo revelou que o número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza nos EUA alcançou a cifra recorde de 46,2 milhões em 2010, num momento em que a economia dos Estados Unidos tentava sair da recessão. A divulgação do número deve aumentar ainda mais a pressão sobre o presidente.
O montante é equivalente à população da Espanha, que tem aproximadamente 46 milhões de habitantes.
Embora os dados sejam impactantes --sobretudo para a maior potência do planeta e especialmente num momento pré-eleitoral e de recuperação ainda muito lenta da crise-- se comparada à realidade brasileira a taxa que define quem é pobre nos EUA é muito generosa.
Segundo o governo americano, em 2010 uma família foi considerada pobre quando os rendimentos da residência totalizavam menos do que US$ 22.113 anuais (R$ 37.952 anuais). Dividindo o valor por 13 (considerando os doze salários mensais mais um décimo terceiro, nos padrões empregatícios do Brasil), os rendimentos mensais da família americana pobre ficam em US$ 1.701 (R$ 2.920).
Para se ter uma ideia, a linha de pobreza utilizada pelo governo brasileiro é de cerca de R$ 140 mensais. Dados do IBGE divulgados em maio revelam que, em 2010, uma em cada sete famílias brasileiras vivia com renda abaixo de R$ 130, equivalente a 25% do salário mínimo da época (R$ 510).
O Bolsa Família entende como pobres no Brasil quem tem renda per capita menor que R$ 140. Em 2010, o programa oferecia uma bolsa-auxílio a 1,1 milhão de famílias.
Já a linha de pobreza extrema no Brasil é de menos de R$ 70 mensais por família. Em maio deste ano, o IBGE revelou que 16,2 milhões de brasileiros vivem com menos do que esse valor por mês, por residência.
O padrão utilizado pelo Brasil se assemelha ao empregado pelo Banco Mundial, de US$ 1,25 por dia, o que totaliza US$ 45 mensais (R$ 77 mensais).
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