Darioush Rezaie, um conferencista universitário de 35 anos, foi morto a tiros no sábado na zona leste de Teerã. Ele é o terceiro cientista assassinado no país desde 2009. Um deles foi morto por um carro-bomba; o outro, por explosivos acionados por controle remoto.
Nos dois casos anteriores, as autoridades reagiram de modo confuso, mas desta vez houve uma divergência ainda mais ampla dentro do governo.
"Os assassinatos continuarão sendo uma ferramenta usada nesta guerra encoberta. Embora seja impossível dizer com certeza se Rezaie era um cientista nuclear ativo, sua morte parece ser mais um episódio nessa guerra", disse Ghanem Nuseibeh, analista radicado em Londres e fundador da Cornerstone Global Associates.
"A narrativa iraniana tem sido confusa acerca do trabalho de Rezaie, e isso acrescenta credibilidade à especulação de que ele estava envolvido no programa nuclear."
Logo após o atentado, a agência semioficial de notícias Mehr publicou um perfil de Rezaie dizendo que ele estava envolvido no programa nuclear iraniano, alvo de sanções ocidentais.
Mas o texto foi imediatamente tirado do ar pela Mehr, e o ministro iraniano da Inteligência, Moslehi, negou que o cientista tivesse ligação com o programa.
No domingo, num discurso transmitido ao vivo pela TV estatal, o presidente do Parlamento, Ali Larijani, acusou EUA e Israel pelo atentado, mas Moslehi disse que era cedo para apontar a participação de "agência estrangeiras de espionagem".
Analistas dizem que o regime iraniano pode ter interesse em afastar essas suspeitas para não causar constrangimento às suas agências de segurança, e para não alimentar polêmicas com reflexo na sua política interna.
"Suspeito, apenas com base no que se sabe pelos relatos da imprensa iraniana, que Rezaie tenha sido assassinado por causa da sua relação com o programa nuclear do Irã", disse Afshon Ostovar, analista radicado em Washington e especializado em Irã.
Após a confusão inicial, Ostovar disse ter notado "uma campanha de relações públicas para minimizar o impacto da morte dele sobre o programa nuclear e para desacreditar qualquer sensação de legitimidade do assassinato".
Vários analistas disseram crer na hipótese de participação de agentes dos EUA ou de Israel no crime.
Ambos os países dizem não descartar uma ação militar caso a diplomacia não baste para convencer o Irã a abandonar seu programa de enriquecimento de urânio. Washington e seus aliados acusam o Irã de tentar desenvolver armas nucleares, enquanto Teerã alega que suas atividades se destinam apenas à geração de energia com fins pacíficos.
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