O secretário estadual dos Transportes do Rio de Janeiro, Júlio Lopes, foi bastante hostilizado durante coletiva dada à imprensa na noite deste sábado em Santa Teresa, centro do Rio, sobre o acidente com um bondinho que matou cinco pessoas e deixou mais de 50 feridos na tarde deste sábado (27).
Bem próximo ao local do acidente, ele ouviu gritos de “assassino” e “safado” por partes de moradores revoltados com a tragédia. Lopes esteve no local e disse à imprensa que a investigação sobre as causas do acidente será feita com isenção. Ele disse ainda que o bonde em questão era o 10, um dosmais antigos que circulam no bairro.
Lopes negou que o acidente de hoje esteja relacionado com o que em junho deste ano levou à morte do francês Damien Pierson, 24, após uma queda. Segundo o secretário, o serviço ficará interrompido até que esteja concluídas as investigações. “A suspensão é por tempo indeterminado”, disse Lopes, que reconheceu também o problema dos bondes. “Já nos preocupávamos com a operação dos bondes. Há uma série de problemas no sistema”, disse. O serviço de bondes é administrado por uma empresa do governo estadual submetida à secretaria dos Transportes.
Já o comandante do corpo de bombeiros, disse que ainda não é possível identificar os motivos do acidente. “Pode ter sido muita coisa, como excesso de velocidade, por exemplo, ainda não dá para dizer. O próprio declive do terreno nesta área é complicado”. Peritos estão no local para apurar as causas.
Lotação e tempo dos bondes
Entre as vítimas já confirmadas está o motorneiro Nelson Correa da Silva, 57. Segundo um colega de oficio, que preferiu não ter o nome revelado, a tragédia “só pode ter sido uma fatalidade”. “O apelido dele era Tartaruga. Uma viagem de 40 minutos tomava com ele 1h. Ele era muito competente”, disse.
Ainda segundo o funcionário, existem 10 bondes na casa de máquinas, mas apenas três operam por dia, isso por motivos de segurança, já que seria de se esperar que mais bondes prestassem o serviço. Ele disse ainda que dos 10 bondes, oito são novos e dois são velhos, mas os novos tem manutenção muito mais cara e uma tecnologia que não suporta o vai e vêm constante com o mesmo desempenho dos bondes velhos.
Para o condutor, o problema de superlotação é real. “O bonde suporta 40 passageiros sentados e 6 em pé, com segurança, mas costumam ir pelo menos 30 passageiros em pé”, disse. Apesar de o bonde envolvido ser um dos antigos, os moradores os preferem aos novos. “Se o que tivesse acontecido hoje fosse com um bonde novo, eu acredito que os moradores estariam ainda mais revoltados”, afirmou.
Não foi possível entrar em contato com dirigentes da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), mas é sabido que a Associação faz duras críticas quanto à operação e segurança dos bondes no bairro.
As vítimas do acidente estão distribuídas entre os hospitais Souza Aguiar, Miguel Couto e Andaraí.
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