NOVA YORK - O enfraquecido, mas ainda perigoso, furacão Irene se abateu sobre uma silenciosa Nova York neste domingo com ventos fortes e uma chuva torrencial. A cidade amanheceu vazia e com o sistema de transportes fechado. A água do mar rapidamente se elevou e ameaça invadir galerias subterrâneas. Alguns bairros, como o Queens, já enfrentam falta de energia. Em todo o país já foram registradas pelo menos dez mortes causadas pela passagem do Irene, informou a rede de TV CNN.
A recomendação da prefeitura de Nova York era que cerca de 370 mil pessoas - incluindo os moradores do distrito financeiro de Manhattan e a maioria dos que vivem na chamada Zona A (área com risco de inundação); ou seja, zonas costeiras dos bairros de Brooklyn, Queens, Bronx e Staten Island - deixassem suas casas até as 17h de sábado. Os governantes pediram que os cidadãos buscassem refúgio com amigos e familiares que vivam fora dessas zonas de risco ou se dirigissem a um dos abrigos habilitados por toda a cidade. No entanto, apenas 8.700 pessoas deram entrada nos abrigos e um número incontável desafiou a ordem de evacuação.
O prefeito Michael Bloomberg afirmou, no fim da noite de sábado, que agora é tarde para as pessoas deixarem suas casas e recomendou cuidados à população:
- O tempo para a evacuação foi longo. Todos devem agora entrar e permanecer no interior (de suas casas) - alertou.
Algumas pessoas, no entanto, aproveitaram a Times Square na madrugada para se divertir, mergulhando nas poças de água e brincando nas ruas vazias.
FOTOGALERIA:
Veja fotos da chegada do Furacão Irene aos Estados Unidos
ANTES DO CONFINAMENTO:
Turistas aproveitam últimas horas antes da chegada do Irene
VÍTIMAS NOS EUA:
Mesmo com menor intensidade, Irene causa mortes nos Estados Unidos
Desde o meio-dia de sábado metrôs, ônibus e trens pararam de funcionar paulatinamente, afetando sete milhões de pessoas que diariamente utilizam transportes públicos. Mais do que os efeitos do vento e da chuva, os governantes temem uma inundação como a de 1821 no baixo Manhattan, quando as águas do Rio Hudson subiram quatro metros em apenas uma hora, deixando submersa toda parte sul da cidade; ou como a de 1944, que levou mais de um metro de água ao Times Square.
Em Wall Street, sacos de areia foram colocados ao redor grelhas do metrô, nas proximidades do East River, por causa do medo de enchentes. Lonas foram distribuídas por outras grelhas. As construções pararam em toda a cidade, e os trabalhadores do World Trade Center desmontaram um guindaste e protegeram equipamentos.
Os principais aeroportos da região - LaGuardia, Kennedy e Newark - fecharam ao meio-dia de sábado. Evacuação obrigatória de 370 mil pessoas, interrupção do sistema de transporte público e aeroportos, fechamento de pontes e túneis, cancelamento de espetáculos teatrais, shows musicais e sessões de cinema, fechamento de museus e lojas... Nunca antes os governantes da cidade tinham tomado medidas tão drásticas diante de um fenômeno que raramente afeta a Costa Leste; a chegada de Irene converteu em lei o ditado popular "Melhor prevenir do que remediar".
Na memória de todos, certamente, estão o furacão Katrina e a catástrofe desencadeada por sua passagem em 2005 por Nova Orleans, onde as medidas de prevenção foram escassas, e mais torpe ainda foi a posterior falta de reação das autoridades diante da ruptura dos diques que causou a inundação da cidade, provocando quase mil mortes.
Em todo o país, tornados foram relatados em Maryland e Delaware, e várias advertências foram emitidas em outros lugares, incluindo Nova York e Filadélfia.
Em Cape Lookout, na Carolina do Norte, hotéis e casas foram atingidas pelas ondas, dois píeres foram destruídos e pelo menos um hospital foi obrigado a usar energia de gerador.
Na Virgínia, três pessoas foram mortas por quedas de árvores, pelo menos um tornado tocou o solo e cerca de 100 estradas foram fechadas.
A usina nuclear de Calvert Cliffs, em Maryland, teve um de seus reatores desligados automaticamente, no fim da noite deste sábado, após ser atingido por uma grande placa de alumínio arrancada de um prédio pela força do vento.
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