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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Colégio de São Bento, no Rio, volta ao topo do ranking do Enem no país


Ausência na prova de redação em 2009 rebaixou colégio, diz coordenadora. 
Sucesso se deve a ambiente masculino e estudo rígido, dizem alunos.


Os estudantes e professores do Colégio de São Bento, no Rio - tradicional instituição católica de ensino só para meninos - estão em festa: o colégio voltou a ocupar o primeiro lugar nacional no ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010. Em seis anos, esta é a quarta vez que a escola fica em primeiro lugar. E mais: nada menos que 92% dos 68 alunos das duas turmas de 3º ano conseguiram vaga numa universidade pública. O segredo do sucesso, segundo os aprovados, está no ambiente favorável ao desenvolvimento pessoal dos alunos.






O Ministério da Educação mudou o critério de divulgação das notas por escola do Enem. Foram criadas quatro categoria de acordo com a porcentagem de participação no Enem 2010:
Grupo 1: de 75% a 100% (17,8% das escolas)
Grupo 2: de 50% a 74,9% (20,9% das escolas)
Grupo 3: de 25% a 49,9% (33% das escolas)
Grupo 4: de 2% a 24,9% (27,4% das escolas)
De acordo com a nota técnica divulgada pelo MEC, não se deve misturar as categorias para comparação de desempenho entre as escolas. As escolas que tiveram menos de 2% de participação não foram consideradas. De acordo com o MEC, a média de participação dos estudantes no Enem 2010 foi de 56,4%.
Falta em redação baixou média em 2009Para a coordenadora pedagógica Maria Elisa Penna Firme, a explicação para voltar ao topo do ranking nacional é ainda mais simples. Ela diz quem em 2009 muitos alunos deixaram de fazer a prova de redação por não contar pontos para o vestibular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Isso acabou interferindo no resultado do São Bento no Enem em 2009, quando a escola ficou no terceiro lugar nacional.
“Em 2010, como todas as provas do Enem contaram para a UFRJ, nossa média voltou a subir. Nossa missão é ensinar e nos esforçamos para fazer isso há 153 anos”, disse a coordenadora, ressaltando que todos os professores são experientes e comprometidos com os princípios do São Bento e se identificam com ele.
Aprovação sem esforço extraSeis dos ex-alunos, estudantes do mais conceituado curso de Direito do Rio, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), contam com orgulho que não precisaram fazer esforço extra algum para conquistar as tão sonhadas vagas na faculdade.
“Não passamos por uma preparação especial para vestibular ou Enem. Tivemos uma formação acadêmica, na qual o estudo já fazia parte do nosso cotidiano. Não precisamos de estudo extra. Bastava estudar para as provas do colégio”, disse Matheus Varaschin, de 18 anos, que até deixou de lado uma etapa do vestibular para estudar para a prova de química do São Bento.
João Gabriel Pontes, de 18 anos, vai ainda mais longe. Ele faz das palavras do ex-reitor dom Tadeu Albuquerque Lopes – morto no ano passado – o seu princípio de vida.
“Ele dizia que o segredo da qualidade do colégio é que segue metas que já saíram de moda, como ensinar e cobrar isso dos alunos. O colégio é rígido sim, mas aprendemos aqui valores que vamos levar para o resto de nossas vidas, como seres humanos, profissionais e cidadãos. É um colégio tradicional, mas não é conservador. Ele valoriza o debate e respeita as diferenças”, defendeu.
História da arte e cultura clássica
Para Luís Felipe Reis, de 18 anos, a boa estrutura do colégio, que além de matérias comuns a todas as escolas, como matemática, oferece aulas de história da arte, teologia, apreciação musical e cultura clássica, faz com que os alunos saiam mais bem preparados. Ele destaca também os laboratórios usados com frequência nas aulas de química, física e biologia desde o 1º ano, o que alia a teoria à prática e facilita o aprendizado.
Nove aulas por dia, das 7h30 às 16h30 de segunda a sexta, e provas em todos os sábados, fizeram parte da rotina do grupo de ex-alunos, nos três anos do ensino médio. A rotina aparentemente estressante foi tirada de letra, conta Henrique Rondinelli, de 18 anos, que acha importante que o São Bento continue vetando a entrada de meninas.
“Passamos praticamente dez anos no São Bento. Como ficávamos mais tempo no colégio do que com nossas famílias, criamos laços de amizade, de irmandade mesmo. Tínhamos mais liberdade para brincadeiras de garotos, o que fazia com que a gente se sentisse muito bem, inclusive com professores e funcionários. Acho que se entrar menina, esse encanto se quebra. Na faculdade é diferente, além das turmas mistas, estamos mais maduros. O bom é que agora, quando as meninas sabem que estudamos no São Bento, elas nos vêem como bons partidos”, brincou Rondinelli, atualmente sem namorada.

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