México, 26 ago (EFE).- A violência do crime organizado no México não se expressa apenas nas ruas, mas cresce e se manifesta em uma infinidade de blogs e sites, nas quais os criminosos disponibilizam imagens e vídeos chocantes.
Já são diversos os sites nos quais são reproduzidas notícias retiradas de meios de comunicação tradicionais sobre violência, fotografias de cadáveres e artigos de opinião.
No entanto, outros tipos de blogs publicam, além disso, conteúdo diretamente proporcionado pelos criminosos. Nessas páginas também são desenvolvidos intensos e violentos debates entre pessoas que dizem pertencer a cartéis de drogas e que lançam ameaças de todo tipo contra os grupos rivais.
Um desses sites disponibiliza fotografias de violência explícita e inclusive brutais decapitações ao vivo de supostos criminosos.
São comuns as intimidações de supostos integrantes do crime organizado que prometem buscar e assassinar criminosos de outros cartéis.
"Eu venho aqui porque é um fórum livre, onde me inteiro do que ninguém quer falar", destaca um usuário de um desses sites.
Alguns participantes asseguram ser supostos narcotraficantes e assinam seus comentários com o nome de algum cartel.
"Nós não estamos contra o povo, nós protegemos a população que este tipo de gente tente prejudicar, por isso necessitamos que vocês nos apóiem também", diz um mebro do Cartel do Golfo, em alusão à organização criminosa inimiga Los Zetas.
A violência relacionada à ação de grupos criminosos no México já deixou 40 mil mortos desde dezembro de 2006.
Alguns meios de comunicação tradicionais costumavam atualizar diariamente o número de mortos e disponibilizar cálculos mensais e trimestrais sobre o aumento da violência.
Além disso, era comum que reproduzissem integralmente as mensagens deixadas pelo crime organizado junto aos corpos de membros de cartéis rivais e que adotassem a linguagem própria dos criminosos em suas notas.
No entanto, em março passado dezenas de grupos de comunicação mexicanos, que em conjunto possuem mais de 700 companhias de imprensa, pactuaram manter uma série de critérios comuns para cobrir a violência no país e evitar se transformar em "porta-vozes involuntários" dos criminosos.
Os veículos se comprometeram a "atuar com profissionalismo", dimensionar adequadamente a informação, não prejulgar culpados, proteger as vítimas, os menores de idade e os próprios jornalistas e encorajar a participação e a denúncia dos cidadãos.
No entanto, proliferaram os blogs nos quais seus promotores defendem a divulgação de informações sem qualquer tipo de filtro.
A Agência Efe tentou entrar em contato com alguns dos responsáveis por esses sites, mas não obteve resposta.
Em um desses sites, seus criadores afirmam que seu objetivo é "informar o que realmente ocorre no México, um país que vive atado e que muitos pensam que não tem memória".
Os proprietários do site criado em 2 de março de 2010 asseguram que são "dois jovens" da área de informática e de jornalismo, "que lutam para mostrar objetivamente o que acontece".
Além disso, revelam que sua "principal fonte de informação é a população, que colabora com dados e material". EFE
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