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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Empresa compra por 1 R$ entulho da demolição de prédio da UFRJ e vai vender o material à construção civil


RIO - Quanto você daria por uma pilha de cem mil toneladas de concreto e ferros retorcidos? A empresa paulistana de reciclagem Britex Soluções Ambientais pagou 1 R$. Ela arrematou, sem concorrência e pelo valor mínimo, o entulho resultante da demolição, ocorrida em dezembro de 2010, do "perna seca", prédio anexo do Hospital do Fundão. A decisão saiu na quarta-feira. Agora, a empresa, que reciclará o material, tentará vendê-lo por um valor superior a R$ 2,3 milhões, custo da retirada do entulho da universidade. Os executivos não falam em valores, mas têm a convicção de que ainda conseguirão ter lucro ao fim da operação.
O material, que seria depositado em aterros, vai para a construção civil. Mas os alunos do Fundão precisam ter paciência: o entulho só deve acabar de ser retirado em quatro meses. A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ) sai ganhando. Além de se livrar de um problema ambiental, ela gastaria, segundo o vice-prefeito da instituição, Paulo Mario Ripper, cerca R$ 8,5 milhões para mandar tudo para um aterro.
- Este é um trabalho pioneiro e queremos difundi-lo no Estado do Rio, discutir alternativas ecológicas. Estamos economizando milhões e ainda apoiando a reciclagem de resíduos da construção civil, que crescem a cada dia - ressalta Ripper, garantindo que o hospital não sofrerá com barulho e com a poeira. - Fizemos todos os estudos para evitar problemas.
Frederico Gonzalez, sócio-proprietário da Britex, acredita que em quatro meses o trabalho esteja concluído.
- Vamos começar a retirar o material no dia 5 de setembro. Pelo edital, eu tenho até seis meses para acabar o serviço - diz Gonzalez.
Para ele, apesar do valor simbólico, o material arrematado é de alta qualidade:
- Temos certeza de que conseguiremos vender o produto reciclado para a construção civil. Em São Paulo, eu negocio o material reciclado com facilidade, porque é mais barato. Aqui, este comércio ainda está engatinhando.
Um projeto de lei que propõe incentivos fiscais para os reciclados de resíduos de demolições está para ser votado na Assembleia Legislativa do Rio. O autor do projeto, o ex-deputado e atual secretário do Ambiente do Rio, Carlos Minc, explica que o objetivo é incentivar a compra, por grandes empreiteiras, do entulho reciclado. Mais de dez mil toneladas por dia são geradas no estado.
- Todas as soluções ecológicas precisam ter um viés econômico. Tirar os impostos do entulho e do material da construção civil é um avanço. Quem retira material do chão para fazer insumo tem que ser beneficiado. A proposta é exonerar do ICMS o reciclado por dez, 20 anos - afirma Carlos Minc.
O secretário deve anunciar em breve o programa Entulho Limpo da Baixada. Serão investidos R$ 9 milhões do Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (Fecam). Uma usina de trituração de entulho será montada em São João de Meriti.
- O entulho acaba sendo jogado em rios e prejudica as ações de dragagem que fazemos no Sarapuí e no Iguaçu. O programa criará um novo mercado de reaproveitamento desse material.

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