O presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT, órgão político dos rebeldes líbios), Mustafa Abdul Jalil, afirma que o coronel Muammar Kadafi deve ser processado primeiro em seu país pelos crimes cometidos durante seus 42 anos de Governo e que "só depois" poderá ser entregue ao Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia.
Jalil fez essas declarações em entrevista publicada nesta sexta-feira pelo jornal italiano "La Stampa", na qual reconheceu a dificuldade do assunto.
"Acho que nossos tribunais devem processá-lo por todos os crimes cometidos nesses 42 anos. E só depois, Kadafi poderá ser entregue ao Tribunal de Haia", ressaltou o presidente do órgão rebelde, ao justificar que "o mandato de captura internacional se refere aos crimes cometidos a partir do dia 17 de fevereiro passado".
Questionado sobre a possibilidade de o regime de Kadafi possuir um arsenal químico, ele respondeu que, pelas informações das quais os rebeldes dispõem, as armas deste tipo que estavam em mãos de Kadafi quando ele ainda fazia parte de seu Governo não serviriam porque estariam obsoletas.
No entanto, Jalil admitiu que essas armas ainda não foram localizadas pelas forças insurgentes.
Ele assinalou que os últimos momentos do regime de Kadafi estão demonstrando sua "crueldade e violência" e insistiu na necessidade da solidariedade internacional ao ser perguntado sobre a descoberta de armazéns com alimentos e remédios na cidade de Zawiyah, assim como de reservas de petróleo e de gás.
"Em uma situação de normalidade, provavelmente poderíamos dizer que a crise humanitária está resolvida. É verdade que se pode considerar que a emergência está fechada no que se refere ao abastecimento de fontes energéticas, mas quanto aos alimentos e remédios, não faço previsões. Não sabemos em que estado se encontram ou se foram analisadas sua data de vencimento", destacou.
Por tudo isso, concluiu, "esperamos confiantes pela solidariedade internacional".
Jalil descartou a pretensão de um papel político na nova Líbia e assegurou que lhe basta "ter contribuído para levar meu povo e meu país rumo à liberdade, o que não é pouco". EFE
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