Trípoli, 27 ago (EFE).- Os últimos redutos do regime de Muammar Kadafi organizados em Trípoli promovem uma retirada ordenada e tentam evitar a captura de seus últimos combatentes ao sul da capital, enquanto em Zuara os enfrentamentos prosseguiram neste sábado.
Os franco-atiradores continuam disparando contra a população e os milicianos e neste sábado o produtor espanhol da empresa Overón, Simón Casanova, provedora de redes via satélite para os canais de televisão, foi atingido no tornozelo quando trabalhava no hotel Radison, localizado na capital líbia.
Embora os rebeldes tenham tomado o controle da fronteira com a Tunísia, a passagem permanece fechada e o Conselho Nacional de Transição (CNT) fez neste sábado um apelo aos líderes tribais em Sirte (ao leste de Trípoli, a cidade de Kadafi) para que se rendam.
O paradeiro de Kadafi e seus filhos continua sendo um mistério e há especulações de que esteja sendo protegido por aqueles que ocupavam o último quartel que a brigada de Hamis, o filho do ditador encarregado das operações militares durante todo conflito, abandonou após os últimos confrontos.
A equipe do canal de televisão espanhol "Cuatro" chegou ao que é considerado o último centro de detenção dirigido por Hamis e encontrou provas que podem evidenciar crimes de guerra: uma crueldade implacável e um número de vítimas difícil de avaliar, pois em um lugar fechado muitas pessoas foram aparentemente borrifadas com carburante antes de serem massacradas.
A brutalidade do tratamento das forças do regime aos combatentes rebeldes e aos civis nesse local levanta dúvidas que os pedidos de respeito aos direitos humanos tenham sido atendidos, apesar do CNT afirmar que seus combatentes estão cumprindo as normas estabelecidas internacionalmente.
Entre outros possíveis paradeiros de Muammar Kadafi e sua família estão tanto Sirte, como a Argélia, onde neste sábado chegaram seis Mercedes blindados, segundo a agência egípcia "Mena", embora o governo argelino tenha desmentido essa informação.
No entanto, as novas autoridades estabelecidas na capital afirmam que sua principal preocupação é restabelecer a segurança no país e estabilizá-lo, especialmente Trípoli, que durante seis meses foi bombardeada pela Otan.
Os milicianos estavam preparados para o pior, incluindo sabotagens e a explosão do porto pelas forças do regime de Kadafi, segundo explicaram à Agência Efe membros da equipe de estabilização, que deram a entender que têm mais capacidade de enfrentar a situação do que haviam previsto.
O titular de Informação do CNT declarou que em dois dias poderiam distribuir à população o necessário para cozinhar e fez um apelo aos trabalhadores da refinaria de Zawiyah para que retornem a seus postos e retomem as operações do principal ponto de provisão de carburante da capital.
"Sabemos que alguns dias antes da libertação, Trípoli estava sob o ferrenho controle da ditadura; começamos do zero, sem sociedade civil, mas acho que seremos capazes de fazer o melhor", avaliou o ministro interino. EFE
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