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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Estudantes com deficiência participam de jogos em SP de olho nas Paraolimpíadas de 2016


Os estudantes de 23 estados brasileiros e do Distrito Federal que participam das Paraolimpíadas Escolares, realizadas em São Paulo, têm a oportunidade de representar seus Estados, serem observados para a seleção das Paraolimpíadas de 2016 e ainda voltam para casa com status de celebridade.
Marcelo Augusto de Oliveira, 18, é deficiente visual e pratica atletismo há quatro anos, com o guia e treinador Josimar Macula, 26. O guia conta que quando eles voltam para casa, em Santa Catarina, Marcelo é recebido como celebridade: “Ele chega cheio de medalhas e quase não tem aula, porque o pessoal fica curioso querendo saber como foi a competição e a viagem”. 
Na natação, Andrey Pereira, 14, tem atitude e fala de atleta profissional. “Se Deus quiser vamos chegar nas Paraolimpíadas de 2016 e eu vou alcançar meu sonho”, disse o garoto que teve uma das pernas amputadas em consequência de uma meningite aos dois anos de idade. Andrey é de Bragança Paulista, no interior de São Paulo, e contou que agora recebe o apoio de todos os colegas de classe, mas que nem sempre foi assim: “Mudei de escola faz pouco tempo e agora eles reconhecem mais o meu trabalho. Antes competia pelo colégio e não ganhava nem agradecimento do diretor”.
O técnico de Andrey, Marcos Rojo, acredita que essa geração de estudantes atletas tem tudo para estar nas Paraolimpíadas de 2016: “Se eles continuarem com a mesma determinação e vontade, com certeza vão brilhar na equipe principal”. Rojo também é técnico nacional da seleção brasileira paraolímpica de natação e do campeão paraolímpico Daniel Dias, inspiração para os jovens nadadores. “Para participar dessa competição o atleta tem que estar estudando. E eles estão virando estrelas nas escolas, já dão até palestras, e o Daniel Dias incentiva bastante a garotada”, disse o treinador.
“A natação já me deu muitas alegrias. Antes eu tinha vergonha, porque sentia que todo mundo olhava diferente para mim. Hoje, eu não sinto mais isso e sou muito feliz em nadar”, contou Lucas Lamente, 13, que também é do interior de São Paulo. “Na escola, o pessoal fala que nem parece que eu tenho alguma deficiência. Eu não sofro preconceito e todo mundo me apoia, o que é muito bom”, disse o jovem nadador.
Natação como instinto
Morador de uma ilha no Pará e filho de uma barqueira, João Paulo de Moraes Silva, 13, aprendeu a nadar por instinto. “A mãe dele diz que ele aprendeu a nadar com três anos, quando uma irmã o jogou de cima da ponte para dentro do rio”, contou o treinador José Luiz Moura. E o garoto, que começou a treinar esse ano, já faz parte da delegação paraense que  trouxe 92 estudantes para o evento.
Para ir treinar, João encara uma pequena maratona de aproximadamente 22 quilômetros. Ele pega um barco da ilha até o porto, depois vai de ambulância até a escola e, por fim, vai de transporte escolar até o clube onde treina.
Essa foi a primeira vez que João saiu do Pará e, segundo o técnico, ele é o “xodó da delegação” e recebe bastante apoio da comunidade ribeirinha em que vive. Um pouco tímido com as câmeras e flashes do evento e sentindo dores após uma das provas, João falou pouco com a reportagem, mas quando estava entre os colegas paraenses mostrava-se bastante feliz por participar das provas.
Diferença entre competidores
O Rio Grande do Sul teve uma única representante no judô: Luiza Guterres Oliano, 14. A modalidade é só para deficientes visuais e mistura competidores sem nenhuma visão com aqueles que possuem visão parcial. Luiza treina desde os 6 anos e está acostumada a lutar pessoas sem nenhum tipo de deficiência.
“Na forma de lutar não sinto nenhuma diferença, mas fora tem. O pessoal das paraolimpíadas se relaciona mais, são mais amigos”, afirmou Luiza.
As Paraolimpíadas Escolares
A competição, realizada entre os dias 26 e 31 de agosto, esperava reunir  1.232 competidores, em dez modalidades: atletismo (para jovens com deficiência física, intelectual e/ou visual), natação (também disponível para as três deficiências), futebol de cinco (para deficientes visuais), futebol de sete (para deficientes físicos), goalball (para estudante com deficiência visual), tênis de mesa (para deficientes intelectual e/ou físico), bocha (para deficiente físico), judô (para deficiente visual), tênis em cadeira de rodas (voltado a deficiente físico) e voleibol sentado (para deficiente físico).
Só podem participar das paraolimpíadas alunos regularmente matriculados no ensino fundamental e médio das redes pública e particular de todo o País. Todas as modalidades são reconhecidas pelo Comitê Paraolímpico Internacional.

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