Grupo afirma estar convencido de que o acidente, que matou 228 pessoas em 2009, foi provocado por falha mecânica
Depois de dois anos, o Escritório de Investigações e Análises para a Segurança da Aviação Civil da França (BEA) promete divulgar nesta sexta-feira o relatório final sobre a queda do Airbus A330, que matou 228 pessoas no dia 31 de junho de 2009. A aeronave fazia o voo 447 da Air France, na rota Rio de Janeiro-Paris. Com base nos relatórios apresentados até agora, a expectativa é de que o documento final reconheça problemas técnicos da aeronave, mas jogue a culpa do acidente sobre os pilotos.
Informações divulgadas na última segunda (25) pelo jornal francês “Le Figaro” – que afirma ter tido acesso ao documento – mostram que, pela conclusão do BEA, erros sucessivos dos dois pilotosque estavam na cabine provocaram a queda da aeronave. Segundo o jornal, o documento cita o congelamento das sondas pitot e a perda de informações do sistema, mas afirma que “a tripulação não teria compreendido que o avião tinha perdido a velocidade para se sustentar no ar e, em vez de empurrar o manche para a frente, puxou-o para traz”.
Informações divulgadas na última segunda (25) pelo jornal francês “Le Figaro” – que afirma ter tido acesso ao documento – mostram que, pela conclusão do BEA, erros sucessivos dos dois pilotosque estavam na cabine provocaram a queda da aeronave. Segundo o jornal, o documento cita o congelamento das sondas pitot e a perda de informações do sistema, mas afirma que “a tripulação não teria compreendido que o avião tinha perdido a velocidade para se sustentar no ar e, em vez de empurrar o manche para a frente, puxou-o para traz”.
Leia a cobertura completa do acidente com o voo da Air France
Na reportagem, o “Le Figaro” diz que relatório exime o comandante de culpa - ele estava descansando na hora do acidente. O texto afirma ainda que os pilotos informaram o comandante sobre o problema técnico na aeronave, mas não o deixaram ciente de que haviam embicado o avião para baixo. “O comandante de bordo não teria podido jamais salvar a situação”, teria dito um executivo da Air France à publicação francesa.
“Com base em tudo o que foi relatado, a gente já esperava que o resultado fosse esse”, afirma Maarten Van Sluys, diretor-executivo da Associação dos familiares das Vítimas do Voo Air France 447. “Eles devem apresentar mais detalhes dos fatos, dos diálogos da caixa preta, mas não devem mudar a ênfase do que apresentaram até agora: a de que os pilotos não conseguiram reverter a situação”, avalia.
“Com base em tudo o que foi relatado, a gente já esperava que o resultado fosse esse”, afirma Maarten Van Sluys, diretor-executivo da Associação dos familiares das Vítimas do Voo Air France 447. “Eles devem apresentar mais detalhes dos fatos, dos diálogos da caixa preta, mas não devem mudar a ênfase do que apresentaram até agora: a de que os pilotos não conseguiram reverter a situação”, avalia.
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Em maio, relatório do BEA mostrou que a aeronave teria sofrido uma súbita parada provocada pelo gelo acumulado nas sondas pitot, fato que era um dos mais citados por especialistas, mesmo antes das caixas-pretas serem localizadas. Na ocasião, porém, o BEA afirmou que “os motores estavam em funcionamento e sempre responderam aos comandos da tripulação”.
O presidente da associação de vítimas, o aposentado Nelson Marinho, diz que por enquanto prefere a cautela. “Vamos aguardar. Não tem o menor cabimento culparem os pilotos, porque o problema foi do avião”, assegura. “Se eles afirmarem que a situação poderia ter sido revertida pelos pilotos vou abrir a boca. Tenho um relatório de 700 páginas, elaborado por pilotos de outras aeronaves Airbus, que denuncia a falta de manutenção. Eles (BEA) não têm para onde correr”, diz.
Nelson vai acompanhar a divulgação do relatório em casa, no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio. A filha dele, que mora na França, estará pessoalmente com os representantes do BEA para receber o documento. “Ela vai me encaminhar tudo por e-mail e, daqui, vou vendo que providências adotar”.
O aposentado perdeu um filho no acidente, o mecânico de engrenagens Nelson Marinho Filho, 40, que ia para a França fazer uma conexão para Angola, onde trabalharia para uma empresa norueguesa de petróleo. Maarten perdeu a irmã Adriana Van Sluys, que era jornalista da Petrobras e viajava a trabalho no dia do acidente. Ele está em Brasília nesta sexta-feira e pretende se reunir com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, às 15h, a fim de insistir que um inquérito criminal seja aberto no Brasil para apurar a responsabilidade pelo problema.
Alemanha: familiares de vítimas também reclamam
Nesta quinta-feira (28), integrantes da associação alemã dos familiares das vítimas (Hiop), divulgou uma nota com o posicionamento do grupo sobre o relatório francês. No texto, traduzido por Maarten Van Sluys (que trabalha em hotelaria e morou dois anos na Alemanha) os alemãs envolvidos no caso “manifestaram desconfiança sobre os objetivos das investigações do BEA”. Também se declararam “decepcionados” com a demora nas buscas pelos destroços e na leitura das caixas pretas.
“O alarde e o anúncio para a coletiva de imprensa de 29 de julho 2011 dão continuidade à ‘politica’ de divulgação fragmentada de informações. Mais de dois anos depois de atividades do BEA, ainda não vislumbramos qualquer objetivo nítido nas investigações. Além disso, percebemos que a opinião pública vem sendo preparada para aceitar, como causadora da tragédia, falhas dos pilotos uma vez que os mesmos, após a pane dos sensores de velocidade (tubos de pitot), posicionaram a frente da aeronave para cima. Esta teoria vem sendo sustentada pelo BEA através de colocações tendenciosas de partes editadas das gravações de voz”, diz o texto.
Os integrantes da Hiop ainda afirmaram: “Com sua interpretação apenas fragmentada dos dados técnicos de voo, o BEA contradiz as consistentes simulações realizadas por um renomado expert da Universidade de Berlim, que chegou a conclusão que o avião, ao passar por uma região de água congelada, ganhou altitude automaticamente devido a um erro de software do sistema de controle do Airbus A330.
O presidente da associação de vítimas, o aposentado Nelson Marinho, diz que por enquanto prefere a cautela. “Vamos aguardar. Não tem o menor cabimento culparem os pilotos, porque o problema foi do avião”, assegura. “Se eles afirmarem que a situação poderia ter sido revertida pelos pilotos vou abrir a boca. Tenho um relatório de 700 páginas, elaborado por pilotos de outras aeronaves Airbus, que denuncia a falta de manutenção. Eles (BEA) não têm para onde correr”, diz.
Nelson vai acompanhar a divulgação do relatório em casa, no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio. A filha dele, que mora na França, estará pessoalmente com os representantes do BEA para receber o documento. “Ela vai me encaminhar tudo por e-mail e, daqui, vou vendo que providências adotar”.
O aposentado perdeu um filho no acidente, o mecânico de engrenagens Nelson Marinho Filho, 40, que ia para a França fazer uma conexão para Angola, onde trabalharia para uma empresa norueguesa de petróleo. Maarten perdeu a irmã Adriana Van Sluys, que era jornalista da Petrobras e viajava a trabalho no dia do acidente. Ele está em Brasília nesta sexta-feira e pretende se reunir com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, às 15h, a fim de insistir que um inquérito criminal seja aberto no Brasil para apurar a responsabilidade pelo problema.
Alemanha: familiares de vítimas também reclamam
Nesta quinta-feira (28), integrantes da associação alemã dos familiares das vítimas (Hiop), divulgou uma nota com o posicionamento do grupo sobre o relatório francês. No texto, traduzido por Maarten Van Sluys (que trabalha em hotelaria e morou dois anos na Alemanha) os alemãs envolvidos no caso “manifestaram desconfiança sobre os objetivos das investigações do BEA”. Também se declararam “decepcionados” com a demora nas buscas pelos destroços e na leitura das caixas pretas.
“O alarde e o anúncio para a coletiva de imprensa de 29 de julho 2011 dão continuidade à ‘politica’ de divulgação fragmentada de informações. Mais de dois anos depois de atividades do BEA, ainda não vislumbramos qualquer objetivo nítido nas investigações. Além disso, percebemos que a opinião pública vem sendo preparada para aceitar, como causadora da tragédia, falhas dos pilotos uma vez que os mesmos, após a pane dos sensores de velocidade (tubos de pitot), posicionaram a frente da aeronave para cima. Esta teoria vem sendo sustentada pelo BEA através de colocações tendenciosas de partes editadas das gravações de voz”, diz o texto.
Os integrantes da Hiop ainda afirmaram: “Com sua interpretação apenas fragmentada dos dados técnicos de voo, o BEA contradiz as consistentes simulações realizadas por um renomado expert da Universidade de Berlim, que chegou a conclusão que o avião, ao passar por uma região de água congelada, ganhou altitude automaticamente devido a um erro de software do sistema de controle do Airbus A330.
Os pilotos tiveram apenas poucos segundos para corrigir este erro e as demais consequências fatais da perda de velocidade. Adicionalmente depreende-se das gravações documentadas da caixa preta de dados (FDR), bem como da Central de monitoramento da Air France em Paris, falhas sucessivas de instrumentos vitais à navegação”.
As simulações mencionadas no texto foram realizadas pelo ex-piloto e engenheiro alemão Gerhard Huttig, professor doutor da Universidade Técnica de Berlim.
As simulações mencionadas no texto foram realizadas pelo ex-piloto e engenheiro alemão Gerhard Huttig, professor doutor da Universidade Técnica de Berlim.
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