A presidente Dilma Rousseff começa nesta sexta-feira (7) uma visita oficial à Turquia, país que vem se aproximando do Brasil tanto nas relações políticas como econômicas ao longo do último ano.
Brasil e Turquia ajudaram a costurar um acordo com o Irã no ano passado sobre o programa nuclear de Teerã. Além disso, as relações comerciais entre Brasil e Turquia deram um salto de mais de 60% em 2010.
Segundo o Itamaraty, a crescente influência regional da Turquia – cujo governo tem conquistado popularidade na região graças a seu apoio oficial à vários movimentos da Primavera Árabe–- tem feito com que o país se torne um aliado estratégico do Brasil no Oriente Médio, tanto em termos políticos como comerciais.
Durante a passagem de Dilma pelo país, serão firmados acordos de cooperação em diversas áreas. Ela também se reunirá com as principais autoridades políticas turcas.
Salto comercial
Dilma desembarcou na quinta-feira à noite em Ancara, depois da viagem à Gabrovo, no interior da Bulgária, onde visitou a terra natal de sua família.
A exemplo do que ocorrera na Bulgária, a agenda da presidente mistura compromissos cerimoniais, políticos e econômicos. Na manhã desta sexta-feira, ela depositou uma coroa de flores no Memorial Atatürk, e em seguida participaria do encerramento de um fórum empresarial com executivos brasileiros e locais para incentivar as relações comerciais entre os dois países.
O comércio entre Brasil e Turquia triplicou ao longo da última década, com um grande salto em 2010. Naquele ano, o valor das transações comerciais entre os países cresceu mais de 60% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 1,6 bilhão. Nos primeiros oito meses de 2011, o volume de comércio entre Brasil e Turquia já chegou perto de igualar toda a marca de 2010.
O Brasil é superavitário nas relações comerciais. As principais exportações brasileiras para a Turquia são minérios de ferro, soja, trigo, algodão e café. Em 2009, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez a primeira visita oficial de um chefe de Estado do Brasil à Turquia, o governo brasileiro abriu um escritório da Agência Brasileira de Promoções a Exportações e Importações (Apex) em Istambul.
Depois de participar do encerramento do fórum empresarial, Dilma se concentrará na agenda política, com um encontro fechado com o presidente Abdullah Gül e um ato oficial de assinatura de tratados de cooperação.
O principal compromisso, no entanto, está reservado para a manhã de sábado, quando ela se reunirá com o premiê turco, Racip Tayyip Erdogan, em Istambul. O encontro será a portas fechadas e não está previsto nenhum pronunciamento após a reunião.
Dilma passará o restante do fim de semana de folga em Istambul, fazendo turismo, e deverá voltar para Brasília no domingo.
Os jornais turcos deram pouco destaque à visita de Dilma. Em uma nota curta, o Hurriyet afirma que ela é a segunda presidente brasileira a visitar a Turquia nos últimos dois anos. Com reportagem intitulada "Ex-líder guerrilheira visita Ancara", o Taraf destacou que o fato de Dilma viajar ao país no seu primeiro ano de mandato é uma demonstração da importância da relação bilateral entre os dois países.
Brasil e Turquia
O Itamaraty afirma que "Brasil e Turquia convergem quanto à defesa do multilateralismo, à busca de soluções diplomáticas para tensões internacionais".
As relações diplomáticas entre os dois países ganharam destaque internacional no ano passado, quando os dois países participaram ativamente de uma negociação para que o Irã aceitasse enriquecer urânio do seu programa nuclear no exterior. Diversos países e órgãos internacionais pressionam para que o Irã abandone o seu programa, mas o país justifica que está apenas desenvolvendo todo o ciclo da energia nuclear para fins pacíficos.
Recentemente a Turquia vem se destacando como uma liderança no Oriente Médio. Depois do episódio em maio de 2010, em que Israel invadiu barcos de uma missão humanitária com participação turca a caminho da Faixa de Gaza, o governo de Ancara assumiu uma retórica dura contra Israel, o que aumentou a popularidade de Erdogan no Oriente Médio.
O premiê também conquistou elogios na região durante a Primavera Árabe deste ano pelas críticas ao regime da Síria, cuja repressão está levando milhares de pessoas a se refugiarem na fronteira dos dois países. O premiê Recep Tayyip Erdogan foi o primeiro líder regional a visitar a Líbia após a queda do regime de Muamar Khadafi.
Para os professores de relações internacionais Paulo Visentini e Marco Cepik, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a posição singular da Turquia e crescente influência regional - o país tem cacife tanto no Oriente Médio como entre governos ocidentais - é uma vantagem a ser explorada pelos diplomatas brasileiros.
"Para o Brasil, trata-se de uma boa oportunidade de explorar economicamente a posição geopolítica que a Turquia detém junto à Europa, à Rússia, ao Oriente Médio e à Ásia Central", escrevem os pesquisadores em um artigo produzido em junho para a Apex.
"A reviravolta política [no mundo árabe] confirmou a Turquia como um oásis de estabilidade doméstica, como se percebe no resultado das eleições de junho. Tendo população, economia e capacidades militares condizentes com o posto de potência regional, a Turquia vem cada vez mais sendo vista pelos Estados Unidos como um aliado inestimável na sua política para o Oriente Médio."
"A Turquia, que continua a receber um tratamento privilegiado pelas potências do hemisfério Norte sem isolar-se dos vizinhos, revela uma via de centro que pode aproximar o Brasil da região como um todo."
Brasil e Turquia ajudaram a costurar um acordo com o Irã no ano passado sobre o programa nuclear de Teerã. Além disso, as relações comerciais entre Brasil e Turquia deram um salto de mais de 60% em 2010.
Segundo o Itamaraty, a crescente influência regional da Turquia – cujo governo tem conquistado popularidade na região graças a seu apoio oficial à vários movimentos da Primavera Árabe–- tem feito com que o país se torne um aliado estratégico do Brasil no Oriente Médio, tanto em termos políticos como comerciais.
Durante a passagem de Dilma pelo país, serão firmados acordos de cooperação em diversas áreas. Ela também se reunirá com as principais autoridades políticas turcas.
Salto comercial
Dilma desembarcou na quinta-feira à noite em Ancara, depois da viagem à Gabrovo, no interior da Bulgária, onde visitou a terra natal de sua família.
A exemplo do que ocorrera na Bulgária, a agenda da presidente mistura compromissos cerimoniais, políticos e econômicos. Na manhã desta sexta-feira, ela depositou uma coroa de flores no Memorial Atatürk, e em seguida participaria do encerramento de um fórum empresarial com executivos brasileiros e locais para incentivar as relações comerciais entre os dois países.
O comércio entre Brasil e Turquia triplicou ao longo da última década, com um grande salto em 2010. Naquele ano, o valor das transações comerciais entre os países cresceu mais de 60% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 1,6 bilhão. Nos primeiros oito meses de 2011, o volume de comércio entre Brasil e Turquia já chegou perto de igualar toda a marca de 2010.
O Brasil é superavitário nas relações comerciais. As principais exportações brasileiras para a Turquia são minérios de ferro, soja, trigo, algodão e café. Em 2009, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez a primeira visita oficial de um chefe de Estado do Brasil à Turquia, o governo brasileiro abriu um escritório da Agência Brasileira de Promoções a Exportações e Importações (Apex) em Istambul.
Depois de participar do encerramento do fórum empresarial, Dilma se concentrará na agenda política, com um encontro fechado com o presidente Abdullah Gül e um ato oficial de assinatura de tratados de cooperação.
O principal compromisso, no entanto, está reservado para a manhã de sábado, quando ela se reunirá com o premiê turco, Racip Tayyip Erdogan, em Istambul. O encontro será a portas fechadas e não está previsto nenhum pronunciamento após a reunião.
Dilma passará o restante do fim de semana de folga em Istambul, fazendo turismo, e deverá voltar para Brasília no domingo.
Os jornais turcos deram pouco destaque à visita de Dilma. Em uma nota curta, o Hurriyet afirma que ela é a segunda presidente brasileira a visitar a Turquia nos últimos dois anos. Com reportagem intitulada "Ex-líder guerrilheira visita Ancara", o Taraf destacou que o fato de Dilma viajar ao país no seu primeiro ano de mandato é uma demonstração da importância da relação bilateral entre os dois países.
Brasil e Turquia
O Itamaraty afirma que "Brasil e Turquia convergem quanto à defesa do multilateralismo, à busca de soluções diplomáticas para tensões internacionais".
As relações diplomáticas entre os dois países ganharam destaque internacional no ano passado, quando os dois países participaram ativamente de uma negociação para que o Irã aceitasse enriquecer urânio do seu programa nuclear no exterior. Diversos países e órgãos internacionais pressionam para que o Irã abandone o seu programa, mas o país justifica que está apenas desenvolvendo todo o ciclo da energia nuclear para fins pacíficos.
Recentemente a Turquia vem se destacando como uma liderança no Oriente Médio. Depois do episódio em maio de 2010, em que Israel invadiu barcos de uma missão humanitária com participação turca a caminho da Faixa de Gaza, o governo de Ancara assumiu uma retórica dura contra Israel, o que aumentou a popularidade de Erdogan no Oriente Médio.
O premiê também conquistou elogios na região durante a Primavera Árabe deste ano pelas críticas ao regime da Síria, cuja repressão está levando milhares de pessoas a se refugiarem na fronteira dos dois países. O premiê Recep Tayyip Erdogan foi o primeiro líder regional a visitar a Líbia após a queda do regime de Muamar Khadafi.
Para os professores de relações internacionais Paulo Visentini e Marco Cepik, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a posição singular da Turquia e crescente influência regional - o país tem cacife tanto no Oriente Médio como entre governos ocidentais - é uma vantagem a ser explorada pelos diplomatas brasileiros.
"Para o Brasil, trata-se de uma boa oportunidade de explorar economicamente a posição geopolítica que a Turquia detém junto à Europa, à Rússia, ao Oriente Médio e à Ásia Central", escrevem os pesquisadores em um artigo produzido em junho para a Apex.
"A reviravolta política [no mundo árabe] confirmou a Turquia como um oásis de estabilidade doméstica, como se percebe no resultado das eleições de junho. Tendo população, economia e capacidades militares condizentes com o posto de potência regional, a Turquia vem cada vez mais sendo vista pelos Estados Unidos como um aliado inestimável na sua política para o Oriente Médio."
"A Turquia, que continua a receber um tratamento privilegiado pelas potências do hemisfério Norte sem isolar-se dos vizinhos, revela uma via de centro que pode aproximar o Brasil da região como um todo."
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