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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Boate pediu reforço policial para evitar briga de skinheads em SP


A casa noturna Carioca Club, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, pediu reforço policial com cerca de uma semana de antecedência antes do show de sábado (3). Uma briga entre skinheads e punks próximo ao local deixou uma pessoa morta e uma ferida em estado grave.
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Briga de skinheads na zona oeste de SP deixa um morto
O produtor de eventos da Carioca Club, Ricardo Garcia, afirmou que ficou sabendo de boatos de que gangues estariam marcando uma briga perto do local do show pela internet.
Segundo Garcia, quatro carros da Polícia Militar foram enviados ao bairro no início do show.
O computador com imagens das câmeras de segurança da boate foi levado pela polícia. A delegada Margarette Barreto, da Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) assumiu o caso.
"As imagens mostram um correria, não mostram a briga porque as agressões ocorreram na esquina e não exatamente em frente à casa noturna. E a câmera foca só a frente do local", afirmou Garcia.
A BATALHA DOS SKINHEADS
A briga aconteceu antes do show da banda de punk inglesa Cock Sparrer, que aconteceu no Carioca Club, na rua Cardeal Arcoverde.
Gangues de skinheads neonazistas, entre elas a Front 88 e a Impacto Hooligan, estavam na porta da boate. O número no nome da gangue Front 88 significa a saudação nazista "Heil, Hitler" --o H é a oitava letra do alfabeto.
Descendo a mesma rua em direção ao local, vinha outra facção de gangues skinheads contrárias ao neonazismo. Entre elas estava a Rash (Red and Anarchist Skinheads), que em sua página na internet se define como "um coletivo de Skinheads Antifascistas, composto por anarquistas e comunistas".
Quando as gangues se encontraram, deram início a um grande confronto com direito a tiros, facadas e explosões de coquetéis molotov. Cerca de 400 pessoas estavam na frente da boate no momento da briga. Segundo testemunhas, carros estacionados foram depredados. Spray de pimenta foi usado para conter o tumulto.
Oito pessoas foram detidas para averiguação e encaminhadas para o 14º DP (Pinheiros), mas ninguém foi preso. Os detidos negaram participação na briga e foram liberados. Com eles, a polícia apreendeu três facas, um skate e seis bolinhas de gude.
Duas pessoas foram levadas para o HC (Hospital das Clínicas) em estado grave. Johni Raoni Falcão Galanciak, de 25 anos, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Fábio dos Santos, de 21 anos, teve um traumatismo crânio-encefálico e respira com a ajuda de aparelhos. Ele continua em estado grave, e passará por cirurgia nesta noite, segundo a assessoria de imprensa do hospital.
Johni Galanciak já tinha passagem pela polícia. Em 2006, ele tentou jogar ovos no então governador José Serra (PSDB) e no prefeito Gilberto Kassab (DEM) --acabou detido. Em 2007, ele foi detido após um protesto violento na avenida Paulista.
Também em 2007, ele foi acusado, junto com mais oito pessoas, de espancar o skinhead Guilherme Witiuk de Carvalho, que sofreu lesões na cabeça e fraturas na face.
Witiuk seria depois condenado a dois anos de prisão pela explosão de uma bomba caseira na Parada Gay de 2009. Conhecido como Chuck, ele é líder da gangue Impacto Hooligan, que participou da briga, e responde por tentativa de homicídio, suspeito de agredir quatro pessoas em julho deste ano.
"Meu filho gostava do som punk, foi influenciado pelo pai, que inclusive ia a shows com ele", disse a professora Patrícia Conceição, 48, mãe de Galanciak, o Jonhi Punk. Segundo ela, Galanciak não era ligado a gangues.
O movimento skinhead surgiu nos anos 60, através de jovens operários do Reino Unido ligados à cultura e estilos musicais jamaicanos, como reggae e ska. Nos anos 70 a política se tornou um fator determinante na identidade dos grupos skinheads, que se diferenciaram entre diversas facções dentro de um espectro político que vai da extrema-direita à extrema-esquerda.

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