Forças sírias amparadas por tanques e helicópteros atacaram na terça-feira a cidade de Rastan, no centro do país, reduto de soldados desertores que pegaram em armas para tentar derrubar o ditador Bashar Assad, segundo moradores.
Dezenas de veículos blindados entraram na cidade de cerca de 40 mil habitantes, que fica junto à rodovia que dá acesso à Turquia, perto da cidade de Homs. Durante a madrugada, a cidade já havia recebido rajadas de metralhadoras disparadas a partir de tanques e helicópteros.
"Os tanques se aproximaram de Rastan durante a noite, e o som das metralhadoras e explosões tem sido incessante. Eles finalmente entraram hoje de manhã", disse o morador Abu Qassem.
Centenas de soldados que rejeitaram ordens para disparar contra manifestantes formaram em Rastan o Batalhão "Khaled Bin Walid", assim chamado em homenagem ao conquistador árabe da síria. O coronel Riad Assad, mais graduado desertor, está ativo nessa região.
Os soldados rebeldes já atacaram ônibus militares e barreiras rodoviárias controladas por soldados e milicianos pró-Assad. A região da cidade de Homs e a vizinha província de Idlib, na fronteira da Turquia, tornaram-se focos de resistência armada ao governo, embora a maior parte dos militares, comandados por oficiais ligados à seita alauíta, a mesma de Assad, continue leal ao presidente.
A ONU diz que mais de 2.700 sírios já foram mortos na repressão aos protestos desde março, inclusive cem crianças. O regime diz que a violência é cometida por gangues armadas patrocinadas por potências estrangeiras, e que 700 soldados e policiais já foram mortos.
A resistência armada dos soldados amotinados desagrada muitos manifestantes que esperavam manter o caráter pacífico do movimento, na crença de que isso esvaziaria as justificativas do governo para a repressão.
Não ficou imediatamente claro qual parcela de Rastan está sob controle das forças governistas, já que os tiroteios prosseguem. "Faz dois dias que não podemos sair de casa, e não temos ideia das baixas", disse outro morador de Rastan.
Ativistas locais dizem que mais de 20 pessoas ficaram feridas, mas que os combates impedem o acesso ao hospital.
Em discurso na segunda-feira à ONU, o chanceler sírio, Walid Moualem, pediu o fim da "intervenção estrangeira" que, segundo ele, estaria por trás das manifestações contra Assad, cuja família governa a Síria há 41 anos.
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