BRUXELAS/FRANKFURT (Reuters) - Os líderes da Alemanha, da França e da Espanha vão se reunir nesta sexta-feira para discutir a crise de dívida da Europa, depois que China e Japão pediram uma cooperação econômica global diante dos fortes declínios dos mercados financeiros.
O Banco Central Europeu (BCE) ofereceu uma ajuda apenas limitada e disse que Itália e Espanha -- agora no centro da tempestade -- devem tomar medidas de austeridade mais duras se quiserem que o banco compre seus bônus governamentais.
Os comentários da China e do Japão, os dois maiores credores de Washington, destacaram o temor de que a crise de dívida europeia saia do controle e que a economia dos Estados Unidos entre em marcha a ré.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, discutirá a situação dos mercados da zona do euro com a chanceler alemã, Angela Merkel, e com o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, em telefonemas individuais nesta sexta-feira, segundo seu gabinete.
A Grã-Bretanha, que não participa do bloco monetário, disse estar em contato com líderes da zona do euro e o G7 sobre as turbulências do mercado.
"Os acontecimentos recentes refletem principalmente um ceticismo crescente sobre a capacidade sistêmica da área do euro em responder à crise atual", disse o premiê da Grécia, George Papandreou, em carta ao presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, fazendo eco a comentários feitos pelo próprio Barroso nesta semana.
O BCE reativou o programa de compra de bônus na quinta-feira para tentar apaziguar a crise de dívida, mas só comprou títulos de Portugal e Irlanda. Membros influentes do banco se opuseram a essa medida.
O belga Luc Coene, membro do Conselho Executivo do BCE, disse que a compra de bônus italianos e espanhóis não foi vetada, mas que ambos os países teriam de tomar mais medidas para conseguir ajuda do banco.
"Eu certamente acho que o banco central está disposto a tomar medidas significativas para ajudar nessa situação", disse Coene em entrevista a uma rádio. "Mas primeiro os países precisam tomar medidas."
CHINA E JAPÃO BUSCAM COOPERAÇÃO
No Japão, o ministro das Finanças Yoshihiko Noda disse que as autoridades globais precisam enfrentar as distorções cambiais, as crises de dívida e as preocupações sobre a economia dos EUA.
"Eu acredito que esses assuntos deveriam ser discutidos", disse ele a jornalistas, um dia depois que o Japão interveio para vender ienes. "Cada problema é importante, mas como priorizar essas questões é algo a ser discutido a partir de agora."
O Japão vendeu ienes para tentar conter a alta da moeda, que se tornara uma aposta segura para o investidor, assim como o franco suíço, em meio aos receios sobre os EUA e a Europa.
O ministro chinês do Exterior, Yang Jiechi, disse que os riscos de dívida nos EUA estão aumentando e que os países deveriam cooperar mais para lidar com os riscos econômicos.
Yang pediu que os EUA adotem políticas monetárias "reponsáveis" e protejam os investimentos de outras nações em dólar.
(Reportagem adicional de Kathrin Jones e Sakari Suoninen em Frankfurt; Leika Kihara em Tóquio; William James e Ana Nicolaci da Costa em Londres; Pedro da Costa, Kristina Cooke e Walter Brandimarte em Nova York; e Emily Kaiser em Cingapura)
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