Segundo a FAO, crise humanitária deve se espalhar por toda a Somália e por outros países africanos nas próximas semanas
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) pediu nesta sexta-feira uma ação urgente para combater a fome no Chifre da África. O apelo é feito dois dias depois de a ONU ter declarado crise de fome em mais três áreas do sul da Somália, elevando para cinco o número de regiões em situação crítica.
"A fome está o sul da Somália e as demais regiões da parte meridional do país vivem uma situação de emergência humanitária que provocou a morte de milhares de pessoas", afirmou a FAO, em comunicado. "A crise seguramente se propagará a todas as regiões do sul nas próximas quatro a seis semanas e, provavelmente, durará até dezembro de 2011."
A crise de fome ocorre quando dois adultos ou quatro crianças por grupo de 10 mil pessoas morrem de fome a cada dia e 30% das crianças são seriamente desnutridas.
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Segundo a FAO, "as vidas de 12,4 milhões de pessoas correm perigo" na Somália, Djibuti, Etiópia e Quênia. "É preciso realizar uma intervenção urgente e de grande envergadura", acrescentou o texto.
A África sofre com uma das piores secas dos últimos 50 anos. A situação é particularmente crítica na Somália pela dificuldade de acesso às zonas controladas pelos rebeldes do grupo islâmico Al-Shabab, que desde 2009 proíbem o acesso das agências humanitárias da ONU e das ONGs internacionais a seu território.
Segundo a ONU, são necessários US$ 1,4 bilhão para conter a crise de fome. Nesta sexta-feira, um soldado somali foi morto e dezenas de moradores ficaram feridos quando três caminhões carregados com alimentos foram saqueados em Mogadíscio, segundo testemunhas.
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A ONU não tem uma estimativa de mortes causadas pela fome por conta das dificuldades em obter informações de regiões remotas da Somália, muitas das quais controladas pelo Al-Shabab.
Reunião da OCI
Também nesta sexta-feira, a Turquia pediu uma reunião emergencial da Organização da Conferência Islâmica, composta por 57 países, para discutir a fome na Somália e os riscos que a crise apresenta aos outros países africanos.
"Não importa se a reunião será realizada em Istambul ou Jeddah, queremos que a OCI faça uma intervenção assim que possível. Queremos cumprir com as necessidades de nossos irmãos africanos no mês do Ramadã", disse o ministro turco das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu.
Davutoglu disse que fez a solicitação na quinta-feira ao secretário-geral da OIC, Ekmeleddin Ihsanoglu, que também é turco. Ele acrescentou que seu ministério estava organizando uma visita à Etiópia e à África do Sul ainda neste mês.
Com AFP e Reuters
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