Genebra, 16 ago (EFE).- Em média de 10 crianças com menos de cinco anos morrem diariamente nos acampamentos estabelecidos na Etiópia pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) para receber os milhares de refugiados somalis.
Trata-se do acampamento de Kobe, um dos quatro centros de amparada do "complexo Dolo Ado", no sul da Etiópia onde "as taxas de mortos estão alcançando níveis alarmantes", afirmou nesta terça-feira o porta-voz do Acnur, Adrian Edwards.
Ao todo, 25 mil pessoas vivem no acampamento, onde "um possível surto de sarampo, unido às altas taxas de desnutrição severa, parecem ser as principais causas das mortes".
Edwards explicou que em Dolo Ado foram confirmados 148 casos de sarampo e 11 mortes pela doença.
"Esta combinação fatal causou historicamente taxas similares de óbitos em crise alimentícias prévias na região", assinalou o porta-voz do Acnur, que informou do início imediato de um plano de vacinação em todos os campos.
Nesta segunda-feira foi completada a primeira fase da vacinação no acampamento de Kobe, incluindo todas as crianças entre seis meses e 15 anos, e o programa será estendido pelos próximos dias.
Christopher Haskew, analista do Acnur em saúde pública, indicou que o sarampo "é altamente contagioso e pode ter efeito devastador nas crianças, especialmente nas mal alimentados".
Enquanto isso, a 250 quilômetros ao norte de Dolo Ado, o êxodo de somalis que fogem da seca e da guerra continua constante, com a chegada de 17,5 mil novos refugiados nas últimas seis semanas às regiões etíopes de Gode e Afder.
A maioria dos refugiados vem de regiões somalis e 95% são mulheres e crianças pequenas, "a maioria em situação nutricional e de saúde precária", como destacou Adrian Edwards.
Os membros da Acnur descrevem a situação geral como "desesperadora" e fizeram uma nova chamada para o envio de ajuda humanitária, já que essa área da Etiópia não tem os recursos necessários para assimilar tamanho êxodo.
Acnur e o Governo etíope responderam com o envio de novas porções de comida para alimentar essas pessoas durante o período de um mês, mas advertiram que as condições de alojamento e de assistência sanitária são igualmente dramáticas.
"A falta de refúgio e de ajuda sanitária, a pouca higiene e a superlotação poderiam gerar diarréias severas e sarampo", advertiu o porta-voz do Acnur.
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