Lisboa, 1 set (EFE).- A descoberta de uma fortaleza islâmica do século XII no sul de Portugal traz novos dados sobre o domínio muçulmano na Península Ibérica, especialmente sobre o fundador desta construção, o filósofo sufi Ibn Qasi.
Os vestígios descobertos, pertencentes a um tipo de complexo militar e de culto conhecido em árabe como "ribat", são excepcionais na Península Ibérica pelo número de casas e mesquitas, explicou à Agência Efe o arqueólogo da Universidade Nova de Lisboa, Mário Varela Gomes.
O achado desta construção medieval é quase inédito na Península, porque até agora mal se conhecia a fortaleza de Guardamar del Segura, na província de Alicante (sudeste da Espanha), disse o pesquisador.
As escavações do "ribat", situadas em Aljezur, um pequeno município na província meridional do Algarve, serviram para identificar nove pequenas mesquitas, um minarete e um muro de orações em seus dois hectares de extensão.
No entanto, a descoberta mais relevante corresponde às lápides funerárias, cuja leitura revela novos dados sobre um personagem importante, mas pouco conhecido da ocupação muçulmana na Península Ibérica durante o século XII: o místico Ibn Qasi.
Para Varela Gomes, o achado é "muito interessante", porque mostra uma figura que "fundou as bases de um estado teocrático" no sul de Portugal, Andaluzia, Extremadura, Badajoz e Córdoba.
Fundamentalista do ramo sufi, Ibn Qasi liderou a luta contra os Almorávides (dinastia norte-africana) e iniciou o "ribat" em 1130 como uma pedra angular para travar sua jihad (guerra santa) particular e como um tipo de retiro espiritual.
A construção, que formou monges guerreiros que combateram em sucessivas guerras em Al Andalus - a região ibérica dominada pelos muçulmanos - incitava à meditação por seu isolamento e grandeza natural, explicou o pesquisador.
Entre dunas e baixa vegetação, estava encravado à beira de uma fileira de penhascos banhados pelo indômito Oceano Atlântico.
No entanto, o projeto de Ibn Qasi foi interrompido em 1151, quando ele foi assassinado. "Era visto como um traidor pelos outros muçulmanos, porque tinha assinado um pacto de não agressão com Afonso Henriques (primeiro rei português e de confissão católica)", relatou Varela Gomes.
O "ribat", batizado como "Arrifana", acabou sendo abandonado definitivamente pouco depois do desaparecimento de seu fundador.
A Ibn Qasi, que era também um notável literato, atribui a ele a autoria de "O Descalçar das Sandálias", obra imprescindível para a compreensão da influência xiita no movimento sufi de Al Andalus do século XII.
A espetacular localização deste complexo, onde também foram encontrados relevantes restos de cerâmica, objetos de vidro e armas metálicas, será usada por um centro de artes cênicas a partir de 2013, antecipou Varela Gomes.
Os vestígios descobertos, pertencentes a um tipo de complexo militar e de culto conhecido em árabe como "ribat", são excepcionais na Península Ibérica pelo número de casas e mesquitas, explicou à Agência Efe o arqueólogo da Universidade Nova de Lisboa, Mário Varela Gomes.
O achado desta construção medieval é quase inédito na Península, porque até agora mal se conhecia a fortaleza de Guardamar del Segura, na província de Alicante (sudeste da Espanha), disse o pesquisador.
As escavações do "ribat", situadas em Aljezur, um pequeno município na província meridional do Algarve, serviram para identificar nove pequenas mesquitas, um minarete e um muro de orações em seus dois hectares de extensão.
No entanto, a descoberta mais relevante corresponde às lápides funerárias, cuja leitura revela novos dados sobre um personagem importante, mas pouco conhecido da ocupação muçulmana na Península Ibérica durante o século XII: o místico Ibn Qasi.
Para Varela Gomes, o achado é "muito interessante", porque mostra uma figura que "fundou as bases de um estado teocrático" no sul de Portugal, Andaluzia, Extremadura, Badajoz e Córdoba.
Fundamentalista do ramo sufi, Ibn Qasi liderou a luta contra os Almorávides (dinastia norte-africana) e iniciou o "ribat" em 1130 como uma pedra angular para travar sua jihad (guerra santa) particular e como um tipo de retiro espiritual.
A construção, que formou monges guerreiros que combateram em sucessivas guerras em Al Andalus - a região ibérica dominada pelos muçulmanos - incitava à meditação por seu isolamento e grandeza natural, explicou o pesquisador.
Entre dunas e baixa vegetação, estava encravado à beira de uma fileira de penhascos banhados pelo indômito Oceano Atlântico.
No entanto, o projeto de Ibn Qasi foi interrompido em 1151, quando ele foi assassinado. "Era visto como um traidor pelos outros muçulmanos, porque tinha assinado um pacto de não agressão com Afonso Henriques (primeiro rei português e de confissão católica)", relatou Varela Gomes.
O "ribat", batizado como "Arrifana", acabou sendo abandonado definitivamente pouco depois do desaparecimento de seu fundador.
A Ibn Qasi, que era também um notável literato, atribui a ele a autoria de "O Descalçar das Sandálias", obra imprescindível para a compreensão da influência xiita no movimento sufi de Al Andalus do século XII.
A espetacular localização deste complexo, onde também foram encontrados relevantes restos de cerâmica, objetos de vidro e armas metálicas, será usada por um centro de artes cênicas a partir de 2013, antecipou Varela Gomes.
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