Líder cubano delegou para o irmão, Raúl, missões como a reforma do modelo econômico arcaico que vigorou na ilha por meio século
O líder cubano Fidel Castro chega neste sábado aos 85 anos de idade, afastado do poder, depois de delegar a seu irmão, Raúl, a gigantesca missão de reformar o esgotado modelo econômico socialista que vigorou na ilha durante meio século.
Depois de 48 anos no poder, Fidel foi acometido por uma doença, deixando à frente do governo o irmão Raúl em 31 de julho de 2006, marcando o fim de uma era na história da ilha de 11 milhões de habitantes.
Durante o 6º Congresso do Partido Comunista Cubano, em abril deste ano, Fidel também abandonou o cargo de chefia do PCC, mas seu ideário é exaltado no discurso oficial, por diversos setores e líderes da América Latina.
Castro chega aos 85 anos no momento em que uma esquerda diversificada governa diferentes países da região, como Brasil, Venezuela, Equador, Peru, Bolívia, Argentina, Uruguai, Paraguai, El Salvador e Nicarágua.
No congresso do partido, em abril, Raúl impulsionou 300 medidas, que incluem a abertura ao setor privado e ao capital externo, além do corte de 1 milhão de empregos e de subsídios concedidos pelo Estado.
Apesar de delegar o poder ao irmão, Fidel ainda é presente na tomada de decisões políticas e econômicas da ilha. "Raúl está no comando. Fidel deu a ele autoridade para tomar decisões, mas ainda impõe limites, principalmente nas reformas, que seguem lentas, com cautela", avaliou Michael Schifter, presidente do think tank Inter-American Dialogue, com sede em Washington .
Para o economista opositor Oscar Espinosa, no entanto, a realidade de Cuba não tem mais espaço para o estilo de liderança de Fidel. "Seu momento histórico passou. O Congresso marca a consolidação de Raúl, que é pragmático e racional, mas não democrata. Ele está tentando resolver erros e fracassos deixados por seu irmão. A Cuba de hoje não é a mesma que a de 2006", opinou.
No dia em que celebra seus 85 anos, Fidel também cicerona o presidente venezuelano, Hugo Chávez, que se encontra na ilha para sessões de quimioterapia do tratamento contra o câncer que faz. “Fidel é visto como um patriarca da esquerda que aconselha Chávez e reflete sobre os modelos socialistas e seus erros”, afirmou o analista cubano Arturo López-Levy.
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Estilo
Homem das tribunas e dos discursos extensos, Fidel dedicou-se a escrever artigos na imprensa sobre os problemas mundiais nos últimos anos. Os artigos, que são escritos a partir de sua casa, na zona oeste de Havana, onde vive com a mulher Dalia Soto del Valle, já chegam a mais de 350.
Filho de um imigrante galego latifundiário com uma camponesa cubana, Fidel nasceu em Birán, no sudeste da ilha. Conhecido como uma das figuras mais polêmicas do século 20, seu governo foi marcado pela Guerra Fria e pelo confronto aos Estados Unidos. Dentro e fora de casa, divide opiniões, sendo considerado um revolucionário humanista por seus partidários e um ditador por seus opositores.
Nos últimos anos, Fidel tem feito poucas aparições públicas. As fotografias e os vídeos mais recentes divulgados sobre o ex-presidente cubano foram ao lado de Chávez, que fala sobre as visitas que Fidel faz a ele em Havana através de seu Twitter. Nas ocasiões em que apareceu nos últimos meses, ele aparecia mais magro e com certa dificuldade para caminhar.
A falta de informações sobre seu real estado de saúde fez com que crescessem rumores sobre o futuro político e econômico da ilha. Muitos dissidentes cubanos apostam que a Revolução Cubana desaparecerá quando ele morrer. Outros, no entanto, apontam para uma transição ordenada na ilha, que dista do governo que seria levado a cabo por Fidel se ainda estivesse no poder.
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