Dezenas de "instigadores do caos" foram detidos na noite de domingo na cidade do Cairo após os violentos confrontos entre manifestantes cristãos coptas, muçulmanos e forças de segurança, que deixaram ao menos 24 mortos e 200 feridos, informou agência estatal de notícias Mena.
Premiê egípcio diz que distúrbios são 'complô' contra o país
A violência de ontem teve início durante um protesto na capital egípcia contra um ataque ocorrido na semana passada a uma igreja cristã em Edfu, no sul do país.
Segundo a agência Efe, manifestantes armados com pedaços de madeira e facas foram à praça Tahrir e ao edifício que abriga a emissora de rádio e televisão do governo para pedir a demissão do governador da província de Assuã, onde a igreja foi demolida.
Veículos do Exército foram deslocados para tentar conter a manifestação. A origem dos primeiros disparos não está clara, já que testemunhas coptas acusaram os "baltaguiya" (pistoleiros) de atirarem nos manifestantes, versão contestada pela imprensa estatal, que garante que os religiosos abriram fogo contra os militares.
O efeito do gás lacrimogêneo usado pelas forças de segurança pode ser sentido em grande parte do centro da capital egípcia, onde incessantemente foram ouvidas sirenes de ambulâncias transportando feridos.
Na praça Abdelmonem Riyad, próxima ao local dos confrontos, grupos de cristãos gritaram expressões de ordem como "com o espírito e o sangue nos sacrificamos pela cruz", e outros de muçulmanos cantaram lemas como "Alá é grande", em um ambiente de grande tensão, informou a agência Mena.
O conflito deste domingo foi sem dúvida o mais grave no Egito desde a revolução que pôs fim ao regime do ditador Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro passado.
Mohamed Abd El-Ghany/Reuters | ||
Confronto entre cristãos egípcios e a polícia. O enfrentamento ocorreu durante protesto contra ataque a igreja |
As tensões sectárias entre a minoria cristã (cerca de 10% da população) e os muçulmanos vem crescendo desde a derrubada do antigo regime.
Os cristãos acusam o governo interino de não reprimir atos de violência contra eles.
COMPLÔ
O primeiro-ministro egípcio, Esam Sharaf, disse no domingo em discurso à nação que os graves distúrbios entre o Exército e manifestantes cristãos coptas fazem parte de um complô contra o país, e apelou pela união nacional.
Sharaf acusou "mãos internas e externas" de tentar solapar a democracia no Egito, que é comandado por uma junta militar desde as revoltas que acabaram com o regime de Hosni Mubarak.
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