As prisões venezuelanas, com capacidade para 14.500 detentos, abrigam hoje quase 50 mil. Além dos condenados, vivem sob cárcere também os que aguardam julgamento. Alguns deles chegam a ficar mais de três anos atrás das grades sem ter nunca visto um juiz. Para resolver a crise de superlotação e violência, a ministra de Serviço Penitenciário da Venezuela, Iris Varela, criou um plano para libertar quase metade dos detentos, informou o jornal espanhol "El País".
- Dos 50 mil presos em todo o país, 20 mil devem estar fora da prisão. Eles merecem e é justo que eles estejam livres, além disso têm todas as condições legais para isso - disse a ministra durante entrevista ao jornal de Caracas "El Nacional".
Iris é advogada e deputada aliada ao presidente Hugo Chávez. Na semana passada, ela virou ministra do Serviço Penitenciário, cargo criado no último dia 26 para tentar solucionar a grave crise de violência e superlotação nas penitenciárias venezuelanas. No dia 13 de julho, o governo conseguiu acabar com uma rebelião na prisão de Rodeo II, que durou um mês, deixando três policiais mortos e outros 22 guardas nacionais feridos.
As prisões da Venezuela são consideradas umas das mais perigosas da América Latina. Segundo relatório da ONG Observatório Nacional de Prisões, nos últimos 12 anos, mais de 4.500 presos foram mortos em decorrência da violência ou por problemas sanitários. Só no ano passado, 476 detentos morreram e 958 foram feridos.
Ministra é conhecida por temperamento 'incendiário
A ministra Iris, conhecida no país como "a comandante Fosforito" por seu temperamento incendiário, anunciou que vai começar a executar o plano de libertação de presos ainda nesta semana.
- Vamos começar em três carcerárias. Ao invés de levar 200 presos para tribunais, vou colocar cinco ou seis agentes da Justiça nas prisões: um juiz, um fiscal, um representante da Defensoria Pública, outra da Defensoria do Povo e um da Força Armada. Nos instalamos em cada prisão e... licenças de liberdade, camarada - disse Iris.
Para não assustar a população, no entanto, a ministra informou que vai publicar os números de identificação de todos que sejam libertados. Em sua maioria, vão ser pessoas que cometeram delitos menores, cujas penas não passam de quatro anos de prisão, explicou ela.
- Me disseram que estou desativando uma bomba relógio com a maior precisão possível. Quero que o povo venezuelano saiba que eu não vou colocar lobos soltos nas ruas. O que farei será para contribuir para que se faça justiça - prometeu a ministra Iris.
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