Com a proibição de inibidores de apetite derivados de anfetaminas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o controle maior sobre a sibutramina, outras alternativas para emagrecer devem ganhar destaque de agora em diante. Uma delas, em potencial, é o balão intragástrico que acaba de ser lançado pela empresa Allergan, o primeiro aprovado não só para obesos, mas também para quem está com sobrepeso (IMC - Índice de Massa Corporal a partir de 27).
Mas médicos e o próprio fabricante avisam: o procedimento sozinho não opera milagres. “O balão é um facilitador. Para que o tratamento dê certo a longo prazo é necessário ter acompanhamento de nutricionista, preparador físico e psicóloga”, indica o médico José Affonso Sallet, membro da Sociedade Americana de Cirurgia e Endoscopia (Sages).
Sallet adverte que o tratamento multidisciplinar completo pode ter custo superior, mas afirma que os resultados são duradouros. A estimativa, segundo o médico, é de que o custo chegue a até R$ 10 mil. “Não indico o procedimento sem o tratamento completo para ninguém, pois o acompanhamento dos outros profissionais fazem a diferença no resultado final”, adverte ele.
As sessões com os profissionais devem ser realizadas assim que a decisão de colocar o balão é tomada, para se ter consciência das mudanças que virão depois do procedimento. É preciso modificar hábitos, ou a perda de peso fica limitada ao período em que o balão está no estômago - após seis meses é preciso retirá-lo. O indicado são duas consultas prévias com uma nutricionista e até três com uma psicóloga, mas cada caso é particular.
A nutricionista Margaretth Arruda, membro da Comissão das Especialidades Médicas Associadas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, destaca que a vantagem de um tratamento combinado é a adesão do paciente. “Com acompanhamento ele consegue perder hábitos alimentares errados e sente que não está sozinho nessa luta por perder peso”, explica ela.
Segundo a nutricionista, depois do balão colocado no estômago, o paciente deve passar uma semana em dieta líquida, para em seguida consumir alguns alimentos pastosos, mas só conseguirá voltar a uma dieta normal, com contagem de calorias, depois da 27ª semana.
O acompanhamento psicológico também contribui muito para quem coloca o balão intragástrico, especialmente os que comem por compulsão. “Com as sessões identificamos se o paciente come por compulsão, isto é, não consegue controlar e parar os impulsos de comer, qual é o grau de ansiedade e estresse que ele tem, pois tudo isso influencia também na alimentação”, explica Marilice Rubbo de Carvalho, psicóloga e especialista em comportamento cognitivo pela USP (Universidade de São Paulo).
A função da terapia no processo, de acordo com a psicóloga, é tirar alguns pensamentos distorcidos e crenças. “Muita gente pensa que pode compensar os fatos diários na comida; que só porque teve um dia ruim merece comer a mais”, exemplifica.
A psicóloga também ressalta que o autocontrole e a administração de tempo são aspectos trabalhados com os pacientes. “Se ele não sabe administrar o tempo que tem para preparar as receitas dadas pela nutricionista e praticar os exercícios na academia, ele não consegue seguir o tratamento da forma correta”, completa.
Contraindicações
O balão é inserido vazio no estômago do paciente por endoscopia, em ambiente hospitalar ou clínico, sob sedação. Ele é preenchido com um líquido azul, pois se o dispositivo por acaso estourar, a urina fica com a cor alterada e o usuário procura o médico. O procedimento dura em torno de 20 minutos e o paciente é liberado no mesmo dia.
Nas primeiras 72 horas os pacientes podem ter alguns efeitos colaterais, como náuseas, vômitos, gases, cólicas ou algum desconforto abdominal.
O balão intragástrico não é indicado para portadores de doenças gástricas, pacientes que já se submeteram a cirurgias abdominais e gástricas, que tem cirrose hepática, anormalidades na estrutura do esôfago ou faringe e desordens psiquiátricas.
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