Cantora diz ser "de um 'País' chamado Pará" e que separação enfraquecerá Estado
Participante ativa do movimento “Diretas Já”, em 1984, a cantora paraense Fafá de Belém (55) pode ter seu nome ligado à mais uma campanha: contra a divisão do Pará, seu Estado de origem. Oficialmente, não existe convite para a cantora, mas ao iG ela não descartou a possibilidade de levantar mais uma bandeira.
O plebiscito sobre a divisão do Pará está marcado para 11 de dezembro.
Foto: Divulgação
A cantora Fafá de Belém
Fafá de Belém afirmou que é contra a divisão do Estado, classificando o Pará como uma grande nação. “Eu sou de um ‘País’ que se chama Pará. Juntos somos fortes e separados seremos reféns”, declarou ela por e-mail. “Tornando público o meu ponto de vista, já estou tomando partido de um determinado lado. Com a separação, o Estado do Pará perderia a sua identidade, sua digital”, disse ao ser questionada sobre a possibilidade de fazer campanha contra a divisão do Estado.
Ela ainda acrescentou. “Não somos um produto na prateleira, somos a somatória de todos estes rios, de seus cheiros, seus sabores. Somos o movimento destas marés, a mistura de tudo que por aqui passou e passará. Não somos exclusivos, somos agregadores!”, finalizou Fafá de Belém.
Fafá de Belém foi considerada nos anos de 1980 a “Musa das Diretas” após se apresentar gratuitamente em diversos comícios e passeatas, entoando de forma original o Hino Nacional Brasileiro. Sua participação chegou a ser contestada pela Justiça e emocionou milhares de pessoas na época.
A cantora é, até o momento, um dos poucos artistas consagrados do Pará a falar oficialmente sobre a divisão do Estado. Um outro ícone paraense, Pinduca, “O Rei do Carimbó”, por exemplo, foi orientado por seus advogados a não falar sobre o assunto. Ele disse que somente opinará se é a favor ou contra a divisão do Pará após o dia 30 de outubro, quando começam as campanhas em rádio e televisão.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o paraense Ophir Cavalcante Júnior, já conseguiu a convocação do meia Paulo Henrique Ganso, do Santos, para fazer campanha contra a divisão do Estado. Outro que prometeu ajudar na campanha é o lateral-direito do Santos, Marcos Rogério Lopes, o Pará. Os dois vão gravar depoimentos pelo “não” à criação dos estados de Tapajós e Carajás.
Se o lado contra a divisão já conta com nomes de peso do esporte e música, do lado a favor da criação dos estados de Tapajós e Carajás os maiores apoios ainda vem da classe política. Deputados federais do Piauí, Tocantins e Mato Grosso já se manifestaram favoráveis à divisão do Pará. A campanha do comitê pró-Tapajós e Carajás terá como marqueteiro Duda Mendonça, responsável pela campanha vitoriosa de Lula em 2002. Mendonça é réu no processo do mensalão.
Regras
Na quinta-feira (18), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) definiu algumas regras para as campanhas pró e contra a divisão do Estado. A principal delas: as duas campanhas terão limite de gastos de R$ 10 milhões. O ministro Arnaldo Versiani, relator das resoluções do plebiscito do Pará, estabeleceu esse teto com base nos gastos previstos para uma campanha ao governo do Estado: entre R$ 5 milhões e R$ 8 milhões.
Outro ponto que ficou definido pelo TSE é que haverá rodízio para as campanhas pró e contra nas inserções de rádio e TV. Durante os 20 dias de campanha haverá um dia destinado à campanha do “não” e outro para o “sim”. A campanha gratuita na televisão vai durar entre 11 de novembro e 7 de dezembro e será veiculadas diariamente, exceto nos domingos e quintas.
Durante da definição das regras, o ministro Arnaldo Versiani rejeitou proposta do jurista Dalmo Dallari de ampliar o plebiscito para todo o Brasil e a votação ocorrerá apenas no Pará. Além disso, o TSE também definiu que todas as cidades paraenses terão direito a voto e não apenas as regiões que pedem a emancipação. Com base no princípio constitucional de que devem participar de um plebiscito “as partes diretamente interessadas”, as frentes favoráveis à divisão do Estado tentavam reduzir a votação apenas aos territórios de Carajás e Tapajós.
Outra regra que ficou definida na sessão de quinta-feira é que somente parlamentares em exercício de mandato podem presidir as frentes pró e contra a divisão do Pará. A consulta popular ocorrerá no dia 11 de dezembro, das 8h às 17h. Os eleitores paraenses são obrigados a votar. Quem não comparecer ao plebiscito terá 60 dias para justificar sua ausência.
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