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quinta-feira, 23 de junho de 2011

A educação é racista quando não apresenta personalidades negras

 

Quando falamos de racismo as pessoas comumente se reportam ao Apartheid na África do Sul ou aos conflitos raciais nos Estados Unidos, sobretudo nas décadas de 60, 70 e 80. No entanto, o racismo também está presente no Brasil, mas com características próprias. 

Certa vez estava na Biblioteca da Escola São Judas Tadeu (onde sou Amiga da Escola), quando fui surpreendida por uma menina afrodescendente afirmando que nunca tinha visto uma rainha negra, isso porque o trabalho que eu havia sugerido, era que as crianças se desenhassem como pessoas da realeza.

Trata-se, na verdade, de uma denúncia feita por uma criança que percebe a não existência de pessoas da sua raça/etnia em situação de destaque nos livros didáticos. Podemos pensar que essa ausência trata-se de racismo? Sim, pois como explicar a grande visibilidade que a escola tem dado aos personagens brancos em detrimento dos negros?

Agora reflita: por que a educação não tem apresentado aos estudantes personalidades negras, como a escritora maranhense Maria Firmina, o abolicionista cearense Pedro Artur de Vasconcelos, o médico baiano Juliano Moreira, a rainha africana Nzinga ou a professora e primeira deputada estadual de Santa Catarina Antonieta de Barros, a ex governadora do estado do Rio de Janeiro Benedita da Silva, dentre outros?

Esse é um tema que deve ser pensado por todos nós, mas especialmente pelos (as) docentes, por um lado, porque revela o modo como tem sido tratado as contribuições da população negra para com a sociedade brasileira. Por outro, evidencia a ausência de material didático que retrata a diversidade étnico-racial presente em nosso país, seja ela negra seja indígena.

No sentido de promover práticas educativas não racistas é que o Movimento Negro conseguiu aprovar em 2003 a Lei Federal nº 10.639, que determina o ensino da História e Cultura Africana e Afro-brasileira na educação básica. No entanto, estamos em 2010 e os poderes públicos pouco têm feito no sentido de que estudantes, negros e não negros, possam conhecer e valorizar os conhecimentos trazidos da África e também construídos pela população negra para que conseguíssemos ser essa nação.

ANGELA ALCANTARA – JORNALISTA

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