RIO DE JANEIRO — A greve de policiais e bombeiros do Rio de Janeiro decretada nesta sexta-feira soma-se à de seus companheiros da Bahia e ameaça o Carnaval, mas as autoridades garantem que, se for necessário, o Exército patrulhará as duas cidades, onde milhares de turistas são esperados.
Centenas de policiais civis, policiais militares (PM) e bombeiros do Rio votaram a favor da greve levantando as mãos na noite de quinta-feira, em uma assembleia pública realizada na Cinelândia a uma semana do início do Carnaval, uma das maiores festas do mundo.
Apesar disso, a situação nas ruas do Rio era de normalidade nesta sexta-feira, e o Comando da PM do Rio afirmou que todas as suas unidades estão trabalhando.
Em um episódio isolado, um carro policial foi atacado a tiros por um grupo de 15 motocicletas na Zona Norte. Ninguém ficou ferido, de acordo com o coronel da PM, Federico Caldas, em entrevista à rádio CBN.
"O Comando da Polícia Militar informa que todas as suas unidades estão em pleno funcionamento, contando inclusive com o apoio de policiais do Batalhão de Operações Especiais e do Batalhão de Choque nas patrulhas", indicou o comando da Polícia Militar em um comunicado.
"Não há paralisação de nenhum tipo de serviço para o cidadão. A Polícia Militar reitera seu compromisso com a segurança da população do Rio de Janeiro", acrescentou a nota.
O coronel Caldas disse ainda à CBN que "foram emitidos 11 mandatos de prisão para os principais líderes do movimento" de protesto no Rio.
"Haverá uma resposta dura (...) para os policiais que cruzarem os braços. É inaceitável que rompamos o juramento que fizemos de proteger a sociedade", disse Caldas.
"Um grupo de policiais anunciou uma greve, mas não são todos (...) O Carnaval será realizado normalmente, e por enquanto não há necessidade de reforços das Forças Armadas", disse à AFP uma porta-voz da PM do Rio que quis se identificar apenas como "a soldado Carini".
Caso a greve se estenda, as autoridades preveem a chegada ao Rio de 14 mil soldados e agentes da Força Nacional de Segurança para garantir a tranquilidade do Carnaval, que começa no dia 17 de fevereiro.
"De forma alguma queremos acabar com o Carnaval. Começa em oito dias e temos a convicção de que chegaremos antes a um acordo", afirmou, por sua vez, o sargento dos bombeiros, Wallace Rodrigues, em coletiva de imprensa dos sindicalistas.
"É prematuro falar de porcentagem de grevistas porque a greve começou há nove horas, mas não há carros da PM nas ruas e as delegacias estão fechadas", afirmou, por outro lado, Francisco Chao, diretor do sindicato da Polícia Civil, na mesma coletiva.
Os salários da polícia do Rio estão entre os mais baixos do país, e rondam os 1.200 reais iniciais.
Os grevistas estão insatisfeitos com o aumento progressivo de 39% dos salários aprovado na quinta-feira à tarde na Assembleia Legislativa, e exigem um piso salarial de 3.500 reais, além de 700 reais em vales transporte e alimentação.
Carlos Gadelha, presidente do sindicato da Polícia Civil, destacou que "os salários da PM do Rio são os segundos piores da categoria no Brasil, e os da Polícia Civil são os piores do país, quando o Rio é o estado que possui a maior arrecadação" graças ao 'royalties' do petróleo.
Os policiais e bombeiros do Rio também protestam contra a prisão na quinta-feira de um líder sindical dos bombeiros, Benevenuto Daciolo, acusado pela justiça de promover um motim e ameaçar
O protesto no Rio se soma ao iniciado há dez dias pela Polícia Militar da Bahia, que provocou uma onda de violência com um registro de mais de 120 mortos, mais do que o dobro da média normal, sobretudo na capital do estado, Salvador.
O número de mortes violentas caiu na Bahia após a chegada de 3.500 soldados e policiais de elite que garantem a segurança do estado.
Mais de 200 policiais militares amotinados na Assembleia Legislativa da Bahia desocuparam o edifício pacificamente na quinta-feira e quatro dos 12 líderes grevistas foram presos, mas o protesto continua.
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