ACREDITAR NA RECUPERAÇÃO
Faz seis meses que na noite do dia 11 de janeiro, na Região Serrana do Rio, 800 mortos e mais de 25,5 mil pessoas ficaram desalojadas e desabrigadas em sete municípios da área, Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Bom Jardim, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro e Areal. Essa foi considerada a maior enchente da história da Região Serrana.
São José do Vale do Rio Preto, devastado pela enxurrada que desceu o Rio Paquequer, passou pelo Rio Preto e rompeu a represa de Alberto Torres, em Areal, seguindo o rastro de destruição para o Rio Paraíba do Sul.
A maré de lama e detritos começou a chegar a São José do Vale do Rio Preto por volta das 5h30 da quarta-feira (12) e a cada 10 minutos, o nível subia 20 centímetros, fazendo suas primeiras vítimas no Poço Fundo e avançando para o Centro (onde ficava situada a 104ºDP) com força máxima, arrastando carros, pontes, casas e animais, foi rápida, sorrateira, não dando chances para as formiguinhas do planeta terra retirarem os seus pertences de casa. Destruindo comércios, casas, carros, ruas, sonhos, a 104º DP e o acúmulo de material histórico de muitas famílias.
Aconteceu.
E eu? Eu estava prestes a entrar no olho do furacão deste episódio que agora conto para vocês.
Por volta das sete horas da manhã dia 12 de janeiro, o telefone toca:
- Alô?
- Alô! (marido, policial civil lotado na 104ºDP ligando, eu atendo) o rio encheu e a água ta entrando aqui na delegacia agora!
Por volta das sete horas da manhã dia 12 de janeiro, o telefone toca:
- Alô?
- Alô! (marido, policial civil lotado na 104ºDP ligando, eu atendo) o rio encheu e a água ta entrando aqui na delegacia agora!
Caiu a ligação...
Entrei em pânico, os noticiários eram horríveis, mortes, mortes e mais mortes. Liguei para o celular, fora de área, depois tentei para a prefeitura, o bombeiro, algumas casas e nenhum telefone funcionava.
Nenhuma noticia, o que a imprensa falava era em Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópolis. Tentei ser forte, e articulei comigo mesma o que faria. Resolvi, ao amanhecer procurei um amigo que tem sítio em São José, e pedi que ele me levasse até lá.
Foi impressionante o que vi durante a viagem, depois da Posse, foram as mais impressionantes imagens. Nunca tinha visto uma enchente onde das casas só sobravam os telhados, e foi o que vi. O cenário de caos e pavor foi se revelando no amanhecer do primeiro dia após a enxurrada. O que antes era uma cidade cortada pelo rio, agora estava mergulhado em lama e escombros. Somente as áreas mais altas não foram atingidas pela correnteza e serviram de refúgio para os desabrigados.
As localidades conhecidas como Poço Fundo, Parada Morelli e Areias ficaram ilhadas, andei com lama acima do joelho e não consegui chegar a São José e as informações eram que a cidade estava sem luz, água, telefone e acesso, a ponte havia caído.
No dia 14 de janeiro, consegui chegar finalmente a São José do Vale do Rio Preto. Era um quadro dantesco.
E tomei conhecimento que um anjo, chegou do céu, tinha acabado de recolher as suas asas aladas, na hora certa, na hora em que o mocinho estava prestes a se dar mal com o bandido, o bandido era a enxurrada crescente, o mocinho o policial civil Fernando, que não abandonou seu posto ate ser resgatado, e o anjo foi um cidadão que salvou o mocinho.
Em terra firme. O mocinho olhava para a água que quase o traiu, mais tarde voltaria junto com a liga da justiça acudir a tirar o barro e o entulho (antes do nascer do sol já estava lá para usar seus poderes novamente). Cuidando do que sobrou, como pode um herói abandonar seu posto.
Quem foi que disse que não existem super-heróis?
Você quer o telefone deles?
Não precisa meu leitor, apesar de ter trapalhões, existem sempre uns heróis anônimos!
(vídeos e fotos abaixo)
ANGELA ALCANTARA – JORNALISTA
Atualizado em 14/01/2011 - 17:29h
Rio de Janeiro
Policial é resgatado de helicóptero de delegacia na Região Serrana
Usando um helicóptero da Polícia Civil, agentes resgataram, agora à tarde, um policial que estava ilhado na delegacia de São José do Vale do Rio Preto, desde a chuva que castigou a região na última terça-feira. Segundo o diretor de Delegacias Especializadas da Polícia Civil, Ronaldo Oliveira, o policial estava em estado de choque. A cidade de São José do Vale do Rio Preto foi devastada pela chuva. Até o momento, foram registradas duas mortes no município.
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